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Dia da Espiga

Hoje é dia da Espiga!
Quase ninguém já festeja este dia, no entanto eu tenho recordações muito boas deste dia.
Recordo-me a altura da escola primária, onde este dia era festejado com passeios aos moinhos e vento (em ruínas, será que hoje ainda existem?), para apanhar, papoilas, espigas (que não as de trigo), brincar, correr, jogar ao lenço... tantas coisas boas, que os míudos de hoje não sabem o que são...

O dia da Espiga é um dia que se festeja há muitos anos, celebra-se na Quinta-feira da Ascensão.
Existia uma antiga expressão “no Dia da Ascensão nem os passarinhos bolem nos ninhos”.

Este dia era repleto de cerimónias sagradas e profanas,esse dia, chamava-se o "dia da hora" e era considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar.
Era chamado dessa forma, porque havia uma hora, o meio-dia, em que em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam", era nessa hora que a "espiga" devia ser apanhada.

Neste dia realizava-se por todo o mundo mediterrâneo, grandiosos festivais onde se cantava e dançava em honra à Primavera e se consagrava a natureza.

Quando se dava importância a este dia, dava-se um passeio matinal, em que se colhia espigas de vários cereais, flores campestres (principalmente papoilas e malmequeres) e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga.

A tradição diz que o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.
O ramo da espiga tem então este significado:

Espiga – pão
Malmequer – ouro e prata
Papoila – amor e vida
Oliveira – azeite e paz
Videira – vinho e alegria
Alecrim – saúde e força

Não consegui encontrar nenhum vídeo com esta música, mas encontrei a letra da música que tem como título, precisamente

Dia da Espiga

"Ói! Óai!
Esta vida é uma cantiga
Este dia de alegria
Vale um ano de aflição

Ói! Óai!
Porque é o dia da Espiga
É o arauto do dia
Em que o trigo há-de dar pão

Maria! São teus olhos azeitonas
Cachopa! São teus lábios qual cerejas
E os teus seios cachos de uvas que abandonas
À vindima desta boca que os deseja

Jorra o vinho dos pinchéis
Para os lábios das moçoilas
Mais vermelhas que papoilas
Das larachas dos Manéis

E há merendas pelos prados
Gargalhadas pelo ar
E à beirinha dos valados
Ouve a gente murmurar. "

Aqui fica então a recordação deste dia...
Cumprimentos a todos.
Sandra C.

Comentários

  1. Olá Sandra,
    Que tempos bons, esses em que se ía ao campo apanhar a espiga...
    Ultimamente comprava o raminho e pendurava na minha cozinha, actualmente já nem à venda o encontro...
    Obrigada, pois através das tuas palavras pudo reviver gratos momentos da minha infancia.
    Um grande beijinho para ti.

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