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Para a Vida Acontecer

 


Olá a todos!

Hoje que se comemora o Dia Internacional da Mulher, não podia deixar de passar aqui, para deixar o meu registo.

Tal como digo muitas vezes, este e outros dias não deveriam ter dias marcados para serem comemorados.

Sobre este texto, ele foi escrito na sequência de um espetáculo que vai a palco hoje dedicado a este dia e ao papel da mulher ao longo dos anos.

Neste caso, falo da condição da mulher no antes do 25 de Abril.

Não foi ao acaso que no pós revolução a constituição portuguesa mudou, fazendo com que a mulher passasse a ter vários direitos, como o de votar por exemplo.

Aqui fica o texto:


Para a Vida Acontecer


Será que autorizam?

Sim, será que me autorizam a vestir calças? 

Será que me autorizam a trabalhar?

E a votar? Será que posso votar?

Sequer a pensar? A pensar posso, mas para dentro, porque para fora... nada feito.


A minha amiga ontem foi ao médico e pediu-lhe que a ajudasse.

Para que não tivesse mais filhos.

E o médico? Encolheu os ombros e perguntou-lhe se o marido autorizava.


O corpo é nosso, não é dos homens. As dores são nossas, não dos homens.

Não somos cristais, nem joias para sermos exibidas como sua propriedade.


Eu não quero bordar, quero aprender a ser livre.

Eu não quero ser cativa, quero me rebelar.


Quero ler aqueles livros riscados a azul,

Ser Correia mas poder-me libertar.

Elevar-me como a Cotovia;

Para depois a vida repicar.


Ser Senhora de Mim

E uma Horta plantar

Para poder colher

Uma mulher a libertar.


Sem autorizações ter

O patriarcado vai acabar.


E ai...


Ao vento vou soltar os meus cabelos 

E pintar os meus lábios de vermelho

Viver sem medo, de palavras dizer,

E vestir a vida para ela acontecer.


Um Feliz dia a todas as mulheres.


Beijos e abraços.
Sandra C.


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