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Momentos de Vida - Horizonte

 


Bom dia.

O momento de vida que vos trago hoje, foi uma caminhada que ontem fiz para ir conhecer os novos Passadiços do Tejo. Gostei muito, é uma obra admirável, assim quem a usa a saiba estimar, tal como quem faz a manutenção a saiba cuidar.

Não fiz o caminho todo, fiz no total 7 KMS e alguns metros e neste período da caminhada, deu para tudo, observar o que me rodeava (a natureza, o rio, as pessoas que por mim passavam) e também deu obviamente para tirar fotos.

Se não conhecerem este lugar ainda, aconselho que o façam, mesmo que estejam cansados ou não se sintam totalmente na vossa força anímica façam-no, não se vão arrepender.

Quando o fizerem vão sem pressas, a desfrutar, olhem para o céu, se houver nuvens, observem cada uma delas. Olhem para o rio à espera de ver um peixe saltar (eu vi), observem os pássaros que por lá decidiram criar a sua nova família. Observem como alguns nos lamacentos lagos, calma e languidamente procuram o que comer...

Por fim, deixo-vos um poema de Machado de Assis 

Os dois horizontes


"Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, – a saudade

Do que não há de voltar;

Outro horizonte, – a esperança

Dos tempos que hão de chegar;

No presente, – sempre escuro,–

Vive a alma ambiciosa

Na ilusão voluptuosa

Do passado e do futuro.


Os doces brincos da infância

Sob as asas maternais,

O vôo das andorinhas,

A onda viva e os rosais;

O gozo do amor, sonhado

Num olhar profundo e ardente,

Tal é na hora presente

O horizonte do passado.


Ou ambição de grandeza

Que no espírito calou,

Desejo de amor sincero

Que o coração não gozou;

Ou um viver calmo e puro

À alma convalescente,

Tal é na hora presente

O horizonte do futuro.


No breve correr dos dias

Sob o azul do céu, – tais são

Limites no mar da vida:

Saudade ou aspiração;

Ao nosso espírito ardente,

Na avidez do bem sonhado,

Nunca o presente é passado,

Nunca o futuro é presente.


Que cismas, homem? – Perdido

No mar das recordações,

Escuto um eco sentido

Das passadas ilusões.

Que buscas, homem? – Procuro,

Através da imensidade,

Ler a doce realidade

Das ilusões do futuro.


Dois horizontes fecham nossa vida."


Machado de Assis Crisálidas (1864).


Beijos e abraços.

Sandra C.

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