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Entrevista - Nádia Carnide Pimenta- Escrevendo Emoções...




Bom dia a todos!

Tal como já tinha sido anunciado na passada semana na página do Instagram, hoje trago-vos a Nádia Carnide Pimenta. Uma jovem autora, cheia de ideias , já com três livros editados, vários textos de sua autoria no seu blog desde 2014. Por falar nisso o blog da Nádia hoje está de parabéns!!

Para além do blog, a Nádia tem um programa de Rádio na RLX - Rádio Lisboa e também participa com textos seus na página Amaral Media  

Não me recordo como cheguei até à Nádia provavelmente porque ambas escrevemos para a página Amaral Media. Mas achei fantástico descobrir que partilhamos algumas coisas para além do gosto pela escrita.  Ainda não li nenhum dos seus livros, mas estão na lista de afazeres!!

Vamos então conhecer esta autora:



- Para quem não te conhece, quem é a Nádia Carnide Pimenta?

É uma rapariga nascida em Março de 1994, com muitos sonhos mas também com a realidade bem presente em si. É uma pessoa apaixonada pela literatura, pela leitura e pela escrita, muito exigente consigo própria e que se interessa muito pelas relações humanas. É desconfiada mas gosta de dar o benefício da dúvida às pessoas, de as compreender e ajudar. Adora crianças, o cheiro do pão acabado de fazer, “comidas de tacho”, a calma do Alentejo, ler ao sol, ouvir música e almoços de família.

- A escrita entrou na tua vida de que forma? Foi algo que sempre te acompanhou, ou este gosto só surgiu mais tarde? 

Embora seja difícil de compreender, acho que é algo inato, que nasceu comigo. Desde muito pequena, com quatro anos, talvez, que me lembro de escrever rabiscos no papel e fingir que eram histórias. Quando aprendi a escrever, comecei a escrever diários, mas só mais tarde, por volta dos catorze/quinze anos, é que a escrita se apresentou de forma mais séria na minha vida, através de pensamentos, reflexões e textos soltos. Presumo que foi uma forma de auto-conhecimento, auto-descoberta e, sobretudo, terapia.



- E o que gostas de criar, prosa, poesia? 

Gosto de criar, especialmente, prosa. Os textos soltos saem-me naturalmente e, nos últimos anos, os romances também. De vez em quando escrevo poesia. Mas o que mais define a minha escrita, por assim dizer, são os textos e os romances.

- Não li nenhum dos teus livros, mas presumo que cada um é diferente entre si. Que principais diferenças caracteriza cada um deles? 

Os meus livros são romances, mas com nuances de mistério e de reflexão. Escrevi-os para tentar transmitir certas mensagens, mas também, a nível pessoal, para encerrar certas partes/ciclos na minha vida. O “Diamante do Sul” pretende passar a mensagem de que para onde formos, o que estamos a sentir vai connosco, que a auto-descoberta é um processo ao qual, todos nós, mais cedo ou mais tarde, não vamos conseguir fugir e de que as diferenças que temos uns dos outros aproximam-nos mais do que pensamos; dá também uma leve visão das diferenças da vida na cidade e no campo. O “Da Ponte P’ra Cá”, apesar de também falar das diferenças, sobretudo entre classes sociais, passa mensagens como a empatia, a união, aborda o preconceito, a discriminação e a resiliência, fala também do destino, no sentido em que aquilo que nos está destinado, ninguém pode alterar, faça o que fizer, ou dê a vida as voltas que der, pois vai acontecer. Por último, o meu mais recente livro, “A Família Real”, fala precisamente da realidade de uma família, do amor, do que somos capazes de fazer por quem é sangue do nosso sangue, mas também do amor que se tem a quem não nasceu na nossa família mas passou a fazer parte dela, fala da capacidade de perdoar, da força de vontade, das relações humanas, do fado (destino e canção) e tenta passar o peso e a importância dos antepassados, das origens, das tradições, da hereditariedade e da continuidade.


- Para escreveres como o fazes? Tens algum método? Escreves a horas certas, tens um lugar onde gostes de estar e que te inspira? 

Escrevo no papel ou no computador, mas sinto que escrever no papel tem um sentido mais “verdadeiro” e que as palavras me saem de forma mais natural. Não tenho método, escrevo quando me sinto inspirada. Também não tenho hora certa ou lugar, mas confesso que gosto mais de escrever em casa, sossegada no meu quarto ou no escritório, ou então ao ar livre, enquanto apanho sol. Gosto de estar no campo, porque a maioria da minha inspiração é de lá que vem, mas na verdade tudo ou quase tudo me inspira. As pessoas, as suas diferentes maneiras de ser, estar, agir, pensar… A natureza em si, os elementos e o tempo, o pôr do sol, as árvores a oscilar ao vento, o canto dos pássaros. Os outros livros que leio e que me marcam… Às vezes, os meus próprios pensamentos acerca das situações que vivo ou com que me deparo, também me inspiram. Já me aconteceu acordar a meio da noite com frases inteiras na cabeça e levantar-me para as anotar, pois sei que, se esperar, já não me sairão da mesma forma. Também já sonhei com os finais dos meus livros, aconteceu-me com o “Diamante do Sul” e com outro que estou a terminar de escrever (sim, ainda não terminei mas já tenho o fim ideal) e que ainda não foi publicado. Nessas alturas, gosto de pensar que nada é por acaso e que a vida sabe o que faz.

- Quem escreve, normalmente gosta também de ler. É o teu caso? Que géneros de livros gostas mais de ler? 

É completamente o meu caso. Antes de escrever, fui leitora e continuo a sê-lo, todos os dias. Quando nasci já tinha livros à minha espera, na minha casa sempre os houve, herdei esse gosto da minha mãe e foi ela que me motivou e incentivou à leitura. Eu leio de tudo e, que me lembre, só abandonei dois livros. Mesmo quando não estou a gostar da história, gosto de ler o livro até ao fim para tentar perceber a perspectiva do autor. Gosto de ler maioritariamente romances, mas não demasiado lamechas. O ideal, para mim, são romances com mistério à mistura. Gosto de ler livros de psicologia, policiais e, por vezes, poesia. Gosto de ler textos e contos. E gosto de ler livros físicos, quase nunca leio e-books ou versões digitais, a não ser por trabalho ou enquanto escrevo, ou alguns blogues que sigo. Mas defino-me como leitura assídua de romances.



- O que ainda te falta escrever? 

De entre todos os projectos literários que ainda quero concretizar, sem dúvida, falta-me escrever a história da minha vida.

- Tu tens um blog, “AS PÁGINAS DA POCAHONTAS”, de que trata esta tua página? 

Esta minha página é o resultado dos meus pensamentos, textos soltos, memórias e reflexões, desde 2009 até ao presente (incluindo os que continuo a escrever). São publicações mediadas pelo sonho e pela realidade, ou seja, não são necessariamente coisas que tenha vivido ou sobre a minha vida, mas as bases são aquilo que eu sou e em que acredito. Ninguém pode afirmar a 100% que o que determinado texto diz, tenha acontecido comigo. O blogue nasceu em 2014 quando, após alguns incentivos, tive coragem para começar a publicar o que escrevia nos meus cadernos ou diários. Tem um mantra, também da minha autoria e que resume o teor do blogue e da minha vida: “É a realidade que me guia, ainda que seja o sonho aquilo que me move”. O nome deriva de duas componentes: “páginas”, porque é como se cada texto representasse uma página do meu caderno; “Pocahontas”, porque era a minha alcunha durante a adolescência, por ser morena e ter o cabelo escuro e comprido. Qualquer pessoa pode aceder ao blogue através do endereço aspaginasdapocahontas.blogspot.com



- Também tens uma rubrica na RLX – Rádio Lisboa com o mesmo nome, como surgiu essa oportunidade? 

Surgiu no início de 2021, pouco depois da rádio ser fundada. Recebi o convite e tive total liberdade para escolher o formato e o nome. Decidi adoptar o mesmo nome do blogue, porque o programa consiste na abordagem de um texto, sempre diferente, escrito por mim. Em cada programa leio um dos meus textos, publicado no blogue ou não, e explico o seu contexto, o que me levou a escrevê-lo e por aí adiante… Gosto e tento deixar sempre um desafio ao ouvinte e uma mensagem. Termino o programa com uma música mais ou menos relacionada com o texto que li e depois a rádio transforma o programa em podcast. Todos os programas estão alojados no arquivo da rádio e podem ser ouvidos a qualquer altura.

- Acordo ortográfico, sim ou não? 

Não. Na verdade, há alguns aspectos do novo acordo com os quais até posso concordar e que de certa forma compreendo, mas na sua maioria não me faz sentido, por isso não o adopto no que escrevo. Só o uso no meu trabalho, porque tem mesmo de ser… Até poderia admitir, por exemplo, tirar o “c” antes do “t” na palavra “ator”, mas não me faz sentido o facto da palavra “pára” já não ter o acento e ficar igual à palavra “para”… Isto é apenas um exemplo básico, mas há muitas mais razões e daria pano para mangas, como se costuma dizer…

- "Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte." Carlos Ruiz Zafón Concordas com esta frase? 

 É curioso teres escolhido esta frase, pois este é um dos autores que mais aprecio e sou muito selectiva na literatura de fantasia (considero-o, em parte, escritor desse género). Concordo plenamente com esta frase e acho, sinceramente, que nela se resume a magia da literatura e da escrita. Quando sei que alguém lê os meus livros, ou textos, fico de alma cheia. Gosto de perceber que interpretações a pessoa faz, quais os seus pontos de vista ao ler. Além disso, cada pessoa que lê um livro, está a dar-lhe algo de si e a receber algo dele, também. Numa visão de leitora, se me identifico com o que estou a ler, gosto de pensar que aquele autor o escreveu para mim, para me transmitir uma “peça” que faltava na minha vida, para me acrescentar alguma coisa. Enquanto escritora, a minha visão poderia resumir-se também numa frase deste mesmo autor: “Escrever é reescrever… Escrevemos para nós mesmos e reescrevemos para os outros”.


- Uma frase e uma música: 

Frase: “Mas não era o tempo que importava, eram as emoções”, de Elizabeth Adler, do livro “Lua de Mel em Paris” Música: “Sol de Inverno”, de Simone de Oliveira


Votos de muito sucesso para ti Nádia! Que continues sempre a escrever e a fazer sonhar quem te lê!

Beijos e abraços.
Sandra C.

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