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Marta Martins Silva - Sublime Contadora de Histórias

 


Bom dia a todos!

Hoje trago-vos a entrevista à jornalista Marta Martins Silva. A Marta para além de jornalista, também é autora dos livros "Madrinhas de Guerra" e " Cartas de Amor e de Dor".

Não conheço a Marta pessoalmente, cheguei até ela quando o Instagram me sugeriu uma publicação da Marta relacionada com o seu trabalho na Revista do Correio da Manhã, sobre a Guerra Colonial. 

Prontamente a contactei e, a simpatia da Marta, fez-me trocar com ela várias mensagens, até que lhe propus na minha humildade esta entrevista. E a Marta aceitou. Que grande honra para mim, entrevistar uma jornalista.

Deixo-vos então as palavras da Marta...


- Para quem não conhece quem é a Marta Martins Silva?

É uma pergunta difícil. Mas vamos a isso: Talvez aquilo que melhor me defina seja uma vontade imensa de ouvir histórias reais pela voz dos seus protagonistas. Faço isto no meu trabalho como jornalista, enquanto autora nos meus livros, mas também na sala de espera do consultório, na fila do supermercado, no banco do metro. Adoro ouvir as pessoas, conhecer as suas paixões e as suas lutas, para depois contar as histórias delas. Sou também uma apaixonada pela História do país, com a convicção de que sem o passado não conseguimos perceber o presente nem prepararmo-nos para o futuro. Sou mãe de dois miúdos incríveis que me ensinaram mais em 6 e 3 anos do que eu tinha aprendido na minha vida até eles chegarem. Sou uma otimista convicta, leitora fiel quando o tempo me permite, amante da praia, da areia e do sal, de pequenos almoços e lanches demorados, de conversas saborosas e de melancia.


- Para além de autora/ escritora, és também jornalista. Sempre foi esta a profissão que sonhaste ter?

Tirando o sonho longínquo de querer ser astronauta como todos os miúdos sonham um dia nunca tive dúvidas da profissão que queria ter. Desde muito pequena – situo ali no final da infância e início da adolescência – que me imaginei jornalista e por isso o caminho foi sempre muito óbvio. Houve ali uma altura em que balancei pela psicologia – precisamente por gostar muito de ouvir pessoas e ser fascinada pelo ser humano – mas depressa percebi que o jornalismo tinha mais a ver comigo porque juntava duas das minhas paixões: a escrita e as pessoas.


- Li algures que a escrita sempre te encantou, aquilo que escreves foi mudando ao longo da vida?

Sempre escrevi muito. Em miúda alimentei dezenas de diários, escrevia poesia e textos muito voltados para dentro e com o tempo e o amadurecimento fui-me debruçando mais sobre os outros e as suas histórias. Mas uma coisa mantém-se desde o início da minha história com as palavras: fui sempre muito emocional nos meus relatos, interessa-me muito esse lado da escrita de despertar emoções.

- Preferes escrever com papel e caneta ou já utilizando as novas tecnologias?

Continuo a ter a magia do papel e da caneta mas escrevo tudo, sobretudo os textos mais longos, em computador (e nas notas do telemóvel) J






- Ambos os teus livros falam de tempos antes de teres nascido, de tempos antes do 25 de Abril. Porquê escrever sobre este tema?

Não foi um caminho pensado, acabou por acontecer e respondeu ao meu gosto muito grande pela História do país. Como jornalista há muitos anos que ouvia relatos de antigos combatentes do Ultramar e na sequência de vários artigos sobre o tema fui convidada pela minha editora para escrever o ‘Madrinhas de Guerra’, o meu primogénito de papel, publicado em 2020. Depois de mergulhar ainda mais fundo no tema e de ter acesso a um vasto espólio de cartas trocadas naquele tempo entre os soldados e a Metrópole percebi que fazia sentido continuar e assim nasceu o ‘Cartas de amor e de dor’, este livro ainda mais abrangente porque trata da correspondência entre os combatentes e todas as pessoas com quem se correspondiam (mães, pais, namoradas, mulheres, irmãos e irmãs e madrinhas). Tem sido uma caminhada muito feliz porque sinto que estou a dar voz a quem durante muito tempo a calou e pelo caminho tenho conhecido pessoas maravilhosas que já fazer parte de mim.

- Eu sinto que este pedaço da história de Portugal está contada com vários "lapsos", sentes que os teus livros, vem "desmistificar" alguns assuntos?

Por um lado, porque foi uma guerra que aconteceu durante uma ditadura, e por isso a informação que passava era muito pouca porque não havia interesse de se saber ao certo o que estava a acontecer. E depois com a chegada da democracia foi uma mancha que não se tinha interesse em mostrar – foi uma época extremamente dolorosa para todos quantos a viveram e os próprios protagonistas se remeteram ao silêncio (mesmo no seio familiar) na esperança de que muito do que por lá viram e viveram se apagasse da memória. Eu acho que os meus livros, ao trazerem um lado menos bélico e mais emocional daquele tempo através da troca de correspondência ajudam as pessoas que viveram aquele tempo a voltar a mergulhar nele sem medos através de memórias e sentimentos que são comuns a todos.

 



- Imagino que para escreveres ambos os livros fizeste muitas pesquisas. Surpreendeste-te com algo?

Fui sendo surpreendida ao longo do processo e essa foi uma das coisas que mais prazer me deu na escrita deste livro. Sobretudo surpreendeu-me que os protagonistas daquele tempo me tenham deixado espreitar pelo buraco da fechadura que eram as suas cartas e aerogramas – escritos muitíssimo pessoais – e me tenham agradecido pela possibilidade de o fazerem. Eu é que tenho de lhes agradecer, sempre, por me ajudarem a mostrar o país que fomos nas décadas sessenta e setenta do século passado.




- Num próximo livro, o que podemos esperar? Um romance? Um livro infantil?

O próximo livro será uma biografia de uma figura muito conhecida em Portugal e estará pronto no final do verão. Mas continuo a fazer investigação na área da história. E tenho um livro para a infância na gaveta J


- Revela uma frase que te acompanhe e uma música que te seja querida.

Uma frase do meu querido avô Manuel, que morreu em 2015 mas está e estará sempre comigo: “Leva isso com paciência”. Até a tatuei. Para mim significa nunca perder o norte.

Uma música: Born in the eighties, Milow




Muito grata Marta, pelas tuas palavras de pelo teu trabalho de dar a conhecer um pouco mais, este período tão complicado da história de Portugal e por dar voz a estes homens que poucos se deram ao trabalho de ouvir. Bem haja!

Beijos e abraços para todos.
Sandra C.

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