Avançar para o conteúdo principal

"Nascidos em 74" - Carlos Caeiro


Bom dia!
Este sábado trago-vos o primeiro testemunho do "Nascidos em 74".  A entrevista do Carlos Caeiro.
Já nos conhecemos faz muitos anos, tanto como os anos em que partilhávamos a mesma sala de aula na escola primária (mais de 40 anos). Os anos passaram, os nossos caminhos tomaram outros rumos e as redes sociais fizeram com que nos encontrássemos de novo (as redes sociais também tem coisas boas!).

Filho de 74, pai de dois filhos, homem de Kms nas pernas, deixa-nos então o seu testemunho e as suas memórias...

Crianças e militares confraternizam. 

- Carlos, o teu ano de nascimento é tal como o meu o de 1974. Que significado tem para ti este ano?

O ano da revolução dos cravos claramente é o mais marcante, para mim tem um significado ainda mais especial porque nasci praticamente um mês antes da revolução, vivi um mês no antigo regime.


- O que contavam os teus pais sobre os tempos antes do 25 de Abril?

Queixavam-se essencialmente da falta de liberdade de expressão e da omissão da verdade.


- E tu, como explicas estes dia aos teus filhos? Eles tem curiosidade sobre o tema?

Basicamente explico-lhes os valores que fui adquirindo, o facto de podermos expressar as nossas ideias mesmo que não vão ao encontro de quem está do poder, isto ao nível político, é por demais vantajoso. 

Sim eles têm curiosidade, faz-lhes confusão o facto e antes do 25 de Abril as pessoas não poderem falar livremente nem expressar-se contra quem governa e mais, ficam perplexos quando lhes falamos da censura do lápis azul e da PIDE.


- Que memórias tens deste dia na tua infância/adolescência?

As memórias que tenho deste dia é acordar com os foguetes na terra onde cresci, na Idanha, das festinhas das colectividades e essencialmente dos aviões a passar com os fumos das cores da bandeira portuguesa a caminho de Lisboa.

- Imagina que neste dia já eras adulto, com consciência social e política, como seria o Carlos se tivesse vivido este dia?

Só me vem uma coisa à cabeça, seria um Carlos bem mais aliviado de deixar viver com a opressão do lápis azul e de uma constante busca de quem não estava com o poder.


Povo em comemoração 

- Independentemente da política, faz sentido para ti continuar a festejar o 25 de Abril?

Sim claro, marcante para os nossos familiares é histórico porque foi uma grande mudança.


- Portugal precisaria de um novo 25 de Abril?

É complicado responder a esta pergunta, porque além do mais se algum dia houver uma outra revolução em Portugal não irá ser com cravos com toda a certeza.



Aqui fica o testemunho do Carlos Caeiro. Espero que tenham gostado e se pretenderem, deixem nos comentários as vossas memórias.

Fotos: Cedidas pelo Carlos e também do Centro de Documentação do 25 de Abril  e do Instituto Camões 

Beijos e abraços.
Sandra C.

Comentários

  1. Lembro-me bem da revolução de 74. Era muito jovem. Gostei de ler a entrevista.
    .
    Bom fim de semana. Abraço poético.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
  2. Eu tinha uns 10 anos, apenas me lembro de ouvir na rádio. Gostei de ler!
    -
    Quando a beleza sobressai num só olhar ...
    -
    Beijos, e um excelente fim de semana!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Pode comentar... o Bluestrass não morde!

Mensagens populares deste blogue

A origem das coisas...

Todos os dias fazemos pequenos gestos e usamos alguns produtos que se tornam num ritual diário. Por exemplo, com certeza que usa sabonete, ou mesmo gel de banho todos os dias.  Já alguma vez se perguntou porque o fazemos, ou qual é o sua origem? O sabonete é um produto muito antigo, os primeiros vestígios deste produto, foram encontradas na era de 2800 A.C., durante as escavações da antiga Babilónia. Na era de 1500 A.C. os antigos egípcios usavam uma mistura de óleos animal e vegetal com sais alcalinos para criar um material semelhante ao sabão, este era usado para tratar de doenças. Na era de 600 A.C. os fenícios confeccionavam uma mistura de terra argilosa com cinzas de madeira ou calcário para limpar o corpo. Este produto correu as rotas do comércio, até chegar à Europa, no entanto esta técnica não foi utilizada pelos Romanos, durante cerca de 600 anos.A partir do I século D.C. o fabrico do sabão foi evoluindo consideravelmente, desde o cozimento do sebo de carneiro com cinzas de

Entrevista - Isabel Moura Pinto - Uma Força da Natureza!

  Bom dia! Hoje deixo-vos a ultima entrevista do mês de Março de 2024.  Neste dia tão importante para mim, tinha de trazer ao blog alguém ligado à arte do teatro e à cultura em si . Trago-vos então a Isabel Moura Pinto, uma mulher de uma garra incrível, uma consciência cultural fantástica e uma inspiração! Conhecia-a em 2022 numa reunião de um projecto teatral e nunca mais nos "deslargamos".  Se hoje faço parte do TEO - Teatro Experimental de Odivelas, o devo ao convite da Isabel. Deixo-vos então a entrevista. - Quem vive na zona de Odivelas a tua cara já não é estranha, mas para quem não te conhece, quem é a Isabel Moura Pinto? Apaixonada desde sempre pelo teatro. A Beatriz Costa era prima da minha mãe e como era uma celebridade talvez isso me tenha influenciado. De qualquer forma, era uma criança solitária e distraía-me sozinha criando personagens. O teatro também esteve presente na minha vida académica. Estive 10 anos fora e desde que regressei a Odivelas comecei a partici

Música que tem bom feeling - Maria

Adoro quando descubro músicas que me tocam. Sejam elas mais sérias, ou mais "cool" como esta, estas duas vozes juntas é qualquer coisa! Letra e música de Bezegol Por gostar de ti Maria Não olhei ao sofrimento E não quis lembrar o dia Que falhaste ao juramento Por ti enfrentei o mundo Enrolado no teu dedo Condenado a amor profundo Encobrindo o teu segredo Eu lembro-me de ti Por quem me apaixonei Para onde foste eu não vi Nem sei quando deixei Queria-te ter aqui Mas sei que não consigo Fazer voltar atrás Fazer do tempo amigo Vou seguindo minha estrela Firme vou no meu caminho A bagagem vai pesada Mas eu carrego sozinho Foi dica a tua experiência Mas não quero olhar para trás Agarro-me às partes boas E sigo a iludir as más Eu lembro-me de ti Por quem me apaixonei Para onde foste eu não vi Nem sei quando deixei Queria-te ter aqui Mas sei que não consigo Fazer voltar atrás Fazer do tempo amigo Eu lembro-me de ti Por quem me apaixonei Pa