Sugestão para o fm-de-semana - "A Boda Mexicana" - Sandra Sabanero

Bom dia!

Hoje já é sexta-feira este calor deixa-nos completamente de rastos.
A sugestão que vos trago hoje é um livro que já li faz muitos anos, talvez mais de quinze.
No entanto garanto-vos que é um livro muito válido.
A autora é Sandra Sabanero, nascida no México, mas com uma experiência de vida bastante vasta, pois já viveu em vários países como Guatemala, Bolívia e El Salvador.

Esta obra conta a história de Esperanza Villanueva e das suas recordações familiares desfiadas no dia do seu casamento, quando em conjunto com a sua mãe contemplam fotos de parentes queridos, principalmente das mulheres especiais que ao longo dos tempos fizeram parte das suas vidas.
Recordam com afecto a avó que morre prematuramente, deixando para trás um marido desesperado, e vários outros familiares. A tragédia e o mal fadado destino, abre a porta a uma nova geração de mulheres nesta família que se vão afirmar pela sua personalidade e independência, deixando sempre um sinal de esperança de que a vida pode ser diferente e melhor.

Na altura que li este livro, achei a escrita de Sandra Sabanero muito próxima da escritora Isabel Allende, a minha preferida.

Considero que quando leio um livro e a história consegue-me transportar para dentro dele, página após página, então a obra está no bom caminho!

Deixo-vos dois excertos deste livro:

"Fez-se um longo silêncio. Recostei-me na cama e continuei a observar as fotografias. Enquanto via aqueles retratos envelhecidos, pensava no que provocara o fracasso do casamento dos meus pais.
- Como foi a sua lua-de-mel, mãe?
Ao evocar essas recordações, a minha mãe corou e tentou fugir ao meu olhar, como se temesse que eu as adivinhasse. Levantou-se e começou a folhear um livro de orações. Uma gardénia seca escorregou de entre as suas páginas, enquanto uma ténue fragrância dos anos passados invadia o ambiente."

"- Que terei feito para pagar tão caro? - perguntou-me a minha mãe.
Permaneci em silêncio. Não tinha resposta. Observei-a cuidadosamente e descobri-lhe no rosto as marcas de uma vida cheia de dor. A sua tez de porcelana de outros tempos assemelhavam-se agora a marfim envelhecido, os seus olhos tinham perdido o brilho e as suas mãos estavam cobertas por uma apertada rede de rugas.(...)
Tentei evitar que as suas recordações amargas me contagiassem, mas ao agarrar aquele lenço da minha mãe, onde estavam embrulhados o terço e o livro de orações da minha avó Loreto, foi impossível. Aquele lenço, testemunho mudo de uma longa existência de lágrimas, risos, dissabores e impulsos reprimidos, estava impregnado das nossas vidas e era de uma familiaridade sufocante, como o próprio odor do meu corpo. A nostalgia abateu-se sobre mim em torrentes, provocando-me uma tristeza indescritível, que não consegui deter."

*Foto de minha autoria.

Se já o leram digam-me o que acharam.

Beijos e abraços.
Sandra C.