Avançar para o conteúdo principal

Ora Agora Falas Tu! "As Andreias" !



Olá! Não publicava esta rubrica faz já algum tempo. No entanto hoje tenho um bom motivo para voltar a fazê-lo, trago-vos duas mulheres com uma capacidade única de superar objectivos.

São "As Andreias", duas mulheres de nome Andreia, com personalidades completamente distintas, mas que ainda assim se complementam. Amigas, colegas de trabalho e.... também no estudo! Estudo? Sim, também no estudo, ou não estivessem a tirar o curso superior, apesar de trabalharem, terem uma família e uma casa para cuidar.
Bem mas deixo a descrição mais pormenorizada para as palavras das próprias!
Podem espreitar o blog "As Andreias" aqui.


“As Andreias” surgiram de forma natural, e hoje, olhamos para esta “expressão” e faz todo o sentido nas nossas vidas.

Somos amigas desde o primeiro dia de trabalho na empresa onde atualmente trabalhamos. Estão a ver aquelas pessoas que estão destinadas a encontrar-se? Nós somos um desses exemplos. Talvez “As Andreias” tenham surgido nesse dia, nós é que ainda não sabíamos…
Isto aconteceu há quase 6 anos, e de lá para cá, já nos aconteceu tanta coisa que dava para escrever um livro 😅. Desde vermos carros a levarem à frente, por arrasto, aqueles pinos amarelos que costumam estar na estrada sem dar a mínima importância; apanharmos autocarros errados e irmos em sentido contrário ao que queríamos ir; e sermos as únicas no escritório numa véspera de Natal e passarmos a tarde a ouvir músicas natalícias, há um bocadinho de tudo. 😃😃😃

Como o nome do nosso blog indica, somos duas Andreias (a Pinto e a Simão). Somos muito diferentes em certos aspetos, mas noutros somos iguaizinhas. Diferenças entre nós: a Pinto tem muito coração (às vezes até de mais 😋), a Simão é mais racional; a Pinto é mais explosiva, e a Simão mais tranquila; a Simão sabe dançar, a Pinto gosta, mas é “bota da tropa” 😂, uma adora calor, a outra o frio … podíamos continuar a lista, mas ia demorar. 😃 Semelhanças entre nós: somos de riso fácil (na verdade adoramos rir) e damos gargalhadas estridentes, adoramos cães e gatos, temos a mesma opinião em relação a alguns temas, pensamos muitas vezes da mesma forma e entendemo-nos com um olhar, partilhamos do mesmo espírito de sacrifício e temos a capacidade de nos rirmos de nós próprias...

Tentamos desdobrar-nos entre as mil coisas que nos preenchem a vida: filhos (no caso da Pinto), família, animais de estimação, trabalho… uma série de coisas. Mas a verdade é que, mal encontramos um espacinho livre na agenda, vamos logo à procura de mais qualquer coisa para o preencher. Somos “bichinhos” cheios de vida, mas também não dispensamos aquelas tardes de domingo no sofá, um filme, talvez uma horinha a dormitar… coisas normais!

Outra coisa que temos em comum é o facto de não termos uma licenciatura. Cada vez mais se vive num mundo em que o nosso grau académico define quem somos profissionalmente, e o que é preciso, é ter… pelo menos, uma licenciatura! Pois é, e nós não a temos. Há muito tempo que temos consciência de que a nossa progressão de carreira será relativamente mais limitada por este motivo.
Desde que entrámos para a empresa, que nos diziam que devíamos tirar um curso, que era seria bom para nós, mas achámos que não o queríamos, que não valia a pena.

Em 2018, num dia normalíssimo de trabalho, a Simão diz à Pinto “vamos tirar um curso! Encontrei um que é perfeito para nós”. A Pinto ficou a olhar para a Simão a pensar “coitada…está doida!!!”. A Simão já tinha feito todo o trabalho de casa: viu todas as componentes do curso, que mais valias tinha para as nossas funções, como se podiam candidatar, TUDO!”. Vantagem deste curso: tem menos dias de aulas por semana (2 ou 3 dias apenas), mas que faz com que sejam 4 anos de curso em vez de 3. Na verdade, sabia que se não tivesse resposta para tudo, não tinha argumentos para convencer a Pinto. O único pormenor que a Simão omitiu era que o curso tinha muuuuuita matemática… pormenores! 😅
Esta podia ter sido uma decisão apenas de uma de nós, mas na nossa cabeça, era em conjunto que isto faria sentido.

Nesse dia, passámos a hora de almoço a investigar cada detalhe do curso. Numa das partes dizia que a prova de admissão através do regime de Maiores de 23 era de Matemática. Matemática…. Matemática… pois. A Pinto panicou! “Não tenho matemática há 1000 anos! Não sei nada… Não percebo nada disso… Não vou conseguir!”.
Uma coisa que têm de saber sobre nós é que “Não vou conseguir” é algo de que não gostamos. Não aceitamos que a outra nos diga isso. “Consegues sim!” é sempre a resposta.

Depois de convencer a Pinto, começámos logo a pensar que tínhamos de arranjar um explicador para nos ajudar a preparar para a prova. Começamos a saga para encontrar pelas redes sociais um “explicador”. Fomos contactados por alguns, que depois de saberem qual o nosso objetivo e há quantos anos não estudávamos matemática (no caso da Pinto há 24 anos), nos deram um “não” redondo porque seria impossível assimilarmos o conteúdo de 3 anos letivos em apenas 8 meses. 

Felizmente, encontramos uma explicadora que, tal como nós, acreditou que seria possível.  Iniciamos as explicações em novembro 2018. A partir desse momento, começamos a registar as nossas aventuras em fotografias e nas nossas redes sociais privadas.
Até ao dia do exame de admissão, o tempo passou a correr…. De repente tinha chegado o grande dia, exatamente no dia em que fazia 5 anos que nos havíamos conhecido. 😀 Mais uma vez, as nossas reações foram tão diferentes: a Pinto relativamente tranquila, a Simão com uns nervos que quase morria 😂 Depois do exame era esperar mais de um mês para saber os resultados… que sufoco! Chega o dia de saírem os resultados… estávamos no trabalho e aproveitávamos cada instante que conseguíamos para fazer refresh à página e ver se já tinham saído. A Simão vai para uma reunião, e algures, durante a reunião faz mais um refresh. Aiiii!!! A pauta com as notas tinha sido publicada. “Não vou abrir. Não tenho coragem. Será que a Pinto já viu? Socorro!”. A Simão avisa a Pinto e carrega no ficheiro para descarregar a pauta. Vimos as notas e tínhamos entrado! Sorte que a reunião estava a acabar ahaha!!! A Pinto surge à porta da sala de reuniões, a Simão vai ter com ela e festejámos ali, juntas no corredor com um abraço gigante e uns saltinhos à mistura! “Caramba! E agora?”

Começam as aulas…. No primeiro dia estávamos tão ansiosas que parecíamos duas miúdas que iam começar o primeiro ano do primeiro ciclo. A excitação por conhecer novas coisas, pessoas, tudo... começava mais uma mudança nas nossas vidas! Nesse mesmo dia, um dos professores tratou-nos logo por “Andreias”. “Obrigado Andreias”. Esta expressão, este agradecimento, ficou-nos na cabeça a ecoar durante muitos dias. Quando olhámos à volta vimos que eramos apenas 3 mulheres numa sala cheia de gente. Ficámos a pensar nisso. “Porque será?”, contudo, não ficamos apreensivas porque os colegas pareciam ser todos muito simpáticos (e não nos enganamos 😊)

Entretanto tivemos uma sessão de apresentação do curso. Nesse dia tínhamos visto uma t-shirts que eram a nossa cara (e que, entretanto, a Pinto comprou para as duas😀). Essa t-shirt tinha um desenho de uma mulher e dizia “We can do it”. Durante a sessão de apresentação do curso, o coordenador de curso apresentou um vídeo e, a lágrima nos nossos olhos foi praticamente garantida. Aquele vídeo dizia tudo!!! A história de uma mulher, que ao ficar sem trabalho (podia ser qualquer uma de nós), vai tirar um curso superior. Nesse vídeo a expressão que aparecia era “We can do it!”. Não aguentámos! Aquilo era claramente um sinal para nós, e agora, mais do que nunca, não íamos cruzar os braços. Podem ver o vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=cpprlfnSxEw.


Sentimos que devíamos fazer alguma coisa para tentar mostrar a outras pessoas que é possível fazer isto. É possível, apesar de tudo, ter uma família, trabalhar e estudar. Decidimos criar o blog. Levámos dias, semanas, a pensar em como iríamos fazer, o que queríamos dizer e como… concluímos que, o que queremos é mostrar a realidade de duas adultas, trabalhadoras, com famílias (com e sem filhos), mas que também estudam. Queremos mostrar que há coisas boas, tal como há coisas menos boas. É bom conhecemos novas pessoas, com histórias de vida diferentes das nossas, trabalhos diferentes do nosso, pessoas diferentes de nós, mas que têm o mesmo objetivo. É bom aprender coisas novas, falarmos e aprendermos sobre coisas que nem sequer sabíamos que existiam, nem para que é que nos vão servir. É difícil ter de estudar à noite, quando só nos queremos ir deitar; ter de estudar ao fim de semana quando só queríamos dormir mais um bocadinho ou ir passear já que está sol lá fora; ter de chegar a casa à meia noite e ainda preparar os almoços para o dia seguinte porque não tivemos tempo de o fazer antes. É difícil chegar a casa e não ter os miúdos acordados ou não ver o marido porque foi fazer o turno da noite e já saiu de casa. Ainda que o curso seja de carga reduzida de aulas por semana, nos dois dias em que temos aulas, esta é a nossa realidade e acaba por ter impacto no resto da semana.

“As Andreias” são histórias, são resumos dos nossos dias enquanto amigas, mulheres com famílias e amigos, trabalhadoras, estudantes, etc. Queremos motivar outras pessoas que tenham esta vontade ou necessidade, mas lhes falte a coragem ou achem que não conseguem. Queremos que mais mulheres, tal como nós, o façam. É possível! Por vezes custa, mas é possível fazer! Só temos de nos organizar muito bem e aproveitar todos os segundos dos nossos dias. Acreditem que hoje, os nossos dias são bem mais organizados, e aprendemos a dar valor a outras coisas que pareciam tão banais.
Esperamos conseguir o nosso objetivo! Esperamos conseguir terminar o curso e fazer com que mais pessoas acreditem que conseguem fazer aquilo que quiserem! “We can do it”.



Espero que tenham gostado. Ás "Andreias" desejo toda a sorte do mundo, para o vosso blog, para o vosso curso e para as vossas vidas!!

Beijos e abraços no coração.
Sandra C.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A origem das coisas...

Todos os dias fazemos pequenos gestos e usamos alguns produtos que se tornam num ritual diário. Por exemplo, com certeza que usa sabonete, ou mesmo gel de banho todos os dias.  Já alguma vez se perguntou porque o fazemos, ou qual é o sua origem? O sabonete é um produto muito antigo, os primeiros vestígios deste produto, foram encontradas na era de 2800 A.C., durante as escavações da antiga Babilónia. Na era de 1500 A.C. os antigos egípcios usavam uma mistura de óleos animal e vegetal com sais alcalinos para criar um material semelhante ao sabão, este era usado para tratar de doenças. Na era de 600 A.C. os fenícios confeccionavam uma mistura de terra argilosa com cinzas de madeira ou calcário para limpar o corpo. Este produto correu as rotas do comércio, até chegar à Europa, no entanto esta técnica não foi utilizada pelos Romanos, durante cerca de 600 anos.A partir do I século D.C. o fabrico do sabão foi evoluindo consideravelmente, desde o cozimento do sebo de carneiro com cinzas de

País do NÃO, País do SIM

  Bom dia! Hoje comemora-se os 50 anos do 25 Abril. Como diz o meu pai "Como assim 50 anos?" Mas é verdade, já lá vão 50 anos. 50 anos depois de finalmente o povo poder sair à rua, sem medo... Deixo-vos um vídeo com texto de minha autoria. O desenho do cravo final, é da autoria da Carol. País do NÃO, País do SIM "Até Abril florir, Portugal era o país do Não. Não podes ser, Não podes ler,  Não podes ter, Não PODES! Não podes! Quantos homens não puderam ser felizes, porque uma guerra consumiu-lhes a vida? Quantos livros não foram lidos, porque eram impróprios? Quantas opiniões se perderam, porque foram encarceradas? Quantas músicas foram ouvidas em surdina? Quantos homens e mulheres tiveram de abandonar o seu país, para salvaguardar as suas vidas e os seus ideais? Após Abril florir, o povo saiu à rua! Após Abril florir nunca mais se deixou de cantar uma canção! Abril floriu, mas muitos não sabem que flor foi essa que nasceu nessa madrugada . Porque os livros não contam, qu

Entrevista - Isabel Moura Pinto - Uma Força da Natureza!

  Bom dia! Hoje deixo-vos a ultima entrevista do mês de Março de 2024.  Neste dia tão importante para mim, tinha de trazer ao blog alguém ligado à arte do teatro e à cultura em si . Trago-vos então a Isabel Moura Pinto, uma mulher de uma garra incrível, uma consciência cultural fantástica e uma inspiração! Conhecia-a em 2022 numa reunião de um projecto teatral e nunca mais nos "deslargamos".  Se hoje faço parte do TEO - Teatro Experimental de Odivelas, o devo ao convite da Isabel. Deixo-vos então a entrevista. - Quem vive na zona de Odivelas a tua cara já não é estranha, mas para quem não te conhece, quem é a Isabel Moura Pinto? Apaixonada desde sempre pelo teatro. A Beatriz Costa era prima da minha mãe e como era uma celebridade talvez isso me tenha influenciado. De qualquer forma, era uma criança solitária e distraía-me sozinha criando personagens. O teatro também esteve presente na minha vida académica. Estive 10 anos fora e desde que regressei a Odivelas comecei a partici