Ora Agora Falas Tu - Sandra Rafael e o Artesanato...

Na rubrica "Ora Agora Falas Tu", trago-vos alguém que partilha comigo o gosto pelo artesanato e está por dentro das dificuldades que um artesão tem para criar, expor e fazer valer o seu trabalho.
Sandra Rafael e as suas "Caixas da Sandrinha".
Neste texto, vai a opinião sincera de alguém que faz do artesanato um hobby, mas também uma paixão.
Podem ver os trabalhos da Sandra e da sua equipa:

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"A marca Caixas da Sandrinha conta com a colaboração de quatro elementos
que constituem a sua equipa de artesãos. Todos fazem as suas criações
artesanais em modo pós-laboral, pois o artesanato é uma actividade
complementar ou secundária, nas nossas vidas.

No mundo do artesanato em Portugal, muitos são os artesãos que, como nós,
têm uma actividade profissional e fazem artesanato como uma ocupação de
tempo livre, ou actividade complementar, muitas das vezes lamentando que o
artesanato ainda não chegue, por si só, para lhes dar o seu necessário
sustento. Deste modo, os artesãos vêem-se obrigados a fazer muitas
concessões (prescindir de horas de repouso, condicionar o seu trabalho
artesanal ao tempo que os seus empregos lhes deixa ter, relegar para terceiro
ou quarto plano algumas actividades do quotidiano, sejam de lazer ou de
gestão doméstica, etc.), procurando fazer desenvolver as suas respectivas
criações e marcas.

Este objectivo revela-se, não poucas vezes, uma “prova de obstáculos”, visto
que os trabalhos artesanais, mesmo que tenham vindo a ter uma procura
maior, por parte do público, ainda não são valorizados com a devida justiça,
pois quem não faz artesanato, não consegue ter noção das horas de trabalho
que são investidas na realização dos diversos artigos. Por outro lado, há quem
olhe para o artesanato como algo que qualquer um pode fazer, com algum
treino e capacidade de observação, menosprezando assim a técnica e o
traquejo que os artesãos aplicam, nas suas criações, e tentando assim
influenciar a determinação dos preços dos artigos artesanais.

Fazer artesanato em Portugal tem ainda outros factores de dificuldade. Os
materiais em bruto ou as matérias-primas não são fáceis de encontrar, estando
os criadores dependentes de “meia-dúzia” de fornecedores que condicionam os
preços e a qualidade dos materiais que têm para disponibilizar. A realidade dos
artigos usados como complemento (como aplicações de biscuit ou mdf, ou
autocolantes, por exemplo) também não é muito melhor.

Logo, abraçar uma actividade artesanal, ou responder positivamente ao apelo
que o artesanato pode fazer na vida de alguém, nunca será um mar de rosas
nem um caminho que promete apenas alegrias e sucessos.

No entanto, ser artesão não tem só desvantagens. A satisfação de conceber
uma peça e “pôr as mãos na massa” para materializar essa peça idealizada é
algo verdadeiramente único e muito edificante. A obra faz tanto o artesão
quanto o artesão faz a obra. Para além de ir ganhando mais experiência e
destreza, o artesão também sente o seu espírito renovado, a cada criação.
Depois, é também um privilégio enorme e uma intensa alegria, observar o
efeito que uma peça tem em quem a recebe.

Daí que, apesar de todos os contras, os prós assumem um peso muito mais
significativo e a balança tende claramente a favor do artesanato.
Assim, se alguém sente o apelo pelo artesanato, nós aconselhamos a
responder positivamente a esse chamado, e a abraçá-lo com empenho, amor e perseverança, garantindo que, ao fazê-lo deste modo, ganhará sempre muito,
qualquer que seja o lucro que consiga alcançar."

Que continues com muitos sucessos e a dar cartas neste grande mundo que é o artesanato.

Beijos e abraços.
Sandra C.