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E este ciclo está a fechar-se, vou publicar o último texto de "O Segredo".
Eu sempre vos disse que este texto era diferente do habitual e o fim não foge a regra. Não vai acabar com um fim romântico, ideal.
Não, isso não vai acontecer.... Eu gosto de peças que primam pela diferença.
Espero que gostem
"(Lisy sai de cena, luzes baixam, quando sobem de novo, já se encontram em cena Lisy, Nanny e Frank sentados à mesa a tomar café. Nanny mostra-se nervosa, Lisy lê o jornal e Frank olha para as duas com um ar hilariante)
Lisy- Já viram o jornal de hoje? Os Beatles vão tocar em Liverpool, como me arrependo de nunca ter visto um concerto deles.
São formidáveis. Não achas Frank?
Frank- Ouvem-se, não são assim tão fabulosos como as meninas fazem crer que eles são.
Lisy- Que machista... nunca pensei, como és capaz de dizer isso? Deves te estar a esquecer da festa na casa do Charles Umpstead e como dançaste que nem um louco ao som da música deles?
Frank- E o que é que isso têm? Estava alegre, deixei-me levar pela música...
Lisy- Pois... agora disfarça...
(Ouve-se vento e a voz de James a falar irritado):
James- Lisy, como te atreves a desobedecer uma ordem minha?
Eu ainda mando nesta casa!
Lisy- Meu pai, não vejo razão para tanto desassossego. Aliás, esta casa agora é minha, portanto quem aqui dá ordens e decide alguma coisa, sou eu!
James- Insolente, é assim que tu agradeces tudo o que eu e a tua mãe fizemos por ti?
Lisy- Por mim? Sim senhor, fizeram muito. Agradeço-vos o dinheiro, a casa, o status na sociedade londrina, e que mais?
Posso também agradecer... deixe-me pensar... o cinismo, é isso, o cinismo de conseguirem viver uma vida inteira a esconder uma mentira apenas e só com medo que a sociedade reprovasse a família Sunders.
Agradeço muito, do fundo do meu coração.
Ora meu pai, não seja hipócrita!
James- Eu não te admito que me fales nesse tom de voz, eu ainda sou o teu pai. Ainda estou a tempo de te meter na ordem!
Lisy- E então? Vamos lá, ponha-me na ordem! Vai fazer-me o quê, bater-me? Não seja ridículo, a mim já não me pode bater!
James- (Emocionado)
Lisy, eu tive razões para o que fiz. Antes de me casar com a tua mãe, o teu avô obrigou-me a jurar que nunca poderíamos aceitar a Mary como se fosse da família. Se eu recusasse ele nunca permitiria o nosso casamento? Compreendes agora?
Lisy- Entendo, mas pai esta é uma situação insustentável, já passaram muitos anos. Está na altura de deitar para trás das costas estes rancores, é a única maneira de todos terem descanso!
James- Que assim seja, se não há outra forma de resolver as coisas.
Lisy- Ainda bem que concorda comigo.
(Começa-se a ouvir o piano, Margaret e Peter estão sentados e mostram-se muito felizes):
Margaret- James meu querido, ainda bem que reflectiste sobre esta situação. Durante todos estes anos sofri por não poder dizer a Mary o quanto gostava dela.
Nanny- Margaret, não precisavas de dizer nada, bastava-me olhar para os teus 0lhos. Eu entendia.
Lisy- Tudo está bem, quando acaba bem. Finalmente vamos poder ter um pouco de sossego.
(Entra Juliet em cena e diz):
Juliet- Ainda não, eu ainda tenho uma palavra a dar.
Margaret, James, vocês foram muito cruéis comigo e com a Mary, por isso exijo um pedido de desculpas. É o mínimo que vocês podem fazer.
James- Ms. Juliet, tal como contei a Lisy, eu não tive como dar a volta à questão, eu tinha prometido...
Juliet- Poupe-me aos pormenores, já conheço esse rol todo.
(As luzes da Chaise Long voltam-se a acender e sentada está Lisy já idosa)
James- Perdoe-me do fundo do coração, eu sempre a admirei pela sua força.
Margaret- Deixe lá de ser lamechas. Venha para cá esses ossos.
Há tanto tempo que esperava por isto.
James- Deixe-me abraçá-la...
Juliet- Pronto, pronto, vamos lá acabar com isto. O importante é que agora somos uma família, ou não?
James- Agora sim, somos uma família.
Frank- Bem, eu confesso que estou surpreendido, acho que agora sou eu que estou a sonhar, mas enfim...
James- Lisy, quem é o cavalheiro?
Lisy- Meu pai, tenho o prazer de lhe apresentar o meu noivo, Frank Bamford.
James- Bamford? Esse nome diz-me qualquer coisa. Não tem nenhum familiar que se chame Charles, Charles Bamford?
Frank- Claro, o meu pai tem esse nome.
James- Oh meu caro, que prazer que eu tenho em conhece-lo.
Sabe, eu e o seu pai éramos grandes amigos. Fizemos muitos negócios juntos.
Grande companheiro, que saudades eu tenho das nossas partidas de Criquet ao sábado de tarde.
Frank- Então era o senhor que sagradamente, todos os sábados se juntava ao meu pai. Lisy, começo a simpatizar com o teu pai, acho que ainda vamos ser grandes amigos.
E lá continuaram a conversar. Até dava gosto vê-los. Para um descrente como o Frank, estava muito convicto do que estava a fazer.
(Luzes gerais apagam, apenas fica foco para Chaise Long)
E foi assim, uns meses mais tarde casei com o Frank, nunca irei esquecer o dia mais feliz da minha vida.
Nunca tivemos filhos, mas fomos muito felizes.
Hoje estou sozinha, mas acreditem que não me sinto só. Estou rodeada das pessoas de quem gosto. Quem? Por todos que fizeram parte da minha vida.
São fantasmas, eu sei, mas não me importo, já me habituei à presença deles junto de mim e sei que em breve vou juntar-me a eles.
Estou cansada... mas sei que morro em paz e feliz.
Quando Deus me quiser levar, estou pronta. Não tenho medo.
Deixo a vida para viver uma outra vida, numa outra dimensão...
(Lisy deita-se e pouco depois morre.)"
E assim termina o "Segredo.
Beijos e abraços
Sandra C.
E este ciclo está a fechar-se, vou publicar o último texto de "O Segredo".
Eu sempre vos disse que este texto era diferente do habitual e o fim não foge a regra. Não vai acabar com um fim romântico, ideal.
Não, isso não vai acontecer.... Eu gosto de peças que primam pela diferença.
Espero que gostem
"(Lisy sai de cena, luzes baixam, quando sobem de novo, já se encontram em cena Lisy, Nanny e Frank sentados à mesa a tomar café. Nanny mostra-se nervosa, Lisy lê o jornal e Frank olha para as duas com um ar hilariante)
Lisy- Já viram o jornal de hoje? Os Beatles vão tocar em Liverpool, como me arrependo de nunca ter visto um concerto deles.
São formidáveis. Não achas Frank?
Frank- Ouvem-se, não são assim tão fabulosos como as meninas fazem crer que eles são.
Lisy- Que machista... nunca pensei, como és capaz de dizer isso? Deves te estar a esquecer da festa na casa do Charles Umpstead e como dançaste que nem um louco ao som da música deles?
Frank- E o que é que isso têm? Estava alegre, deixei-me levar pela música...
Lisy- Pois... agora disfarça...
(Ouve-se vento e a voz de James a falar irritado):
James- Lisy, como te atreves a desobedecer uma ordem minha?
Eu ainda mando nesta casa!
Lisy- Meu pai, não vejo razão para tanto desassossego. Aliás, esta casa agora é minha, portanto quem aqui dá ordens e decide alguma coisa, sou eu!
James- Insolente, é assim que tu agradeces tudo o que eu e a tua mãe fizemos por ti?
Lisy- Por mim? Sim senhor, fizeram muito. Agradeço-vos o dinheiro, a casa, o status na sociedade londrina, e que mais?
Posso também agradecer... deixe-me pensar... o cinismo, é isso, o cinismo de conseguirem viver uma vida inteira a esconder uma mentira apenas e só com medo que a sociedade reprovasse a família Sunders.
Agradeço muito, do fundo do meu coração.
Ora meu pai, não seja hipócrita!
James- Eu não te admito que me fales nesse tom de voz, eu ainda sou o teu pai. Ainda estou a tempo de te meter na ordem!
Lisy- E então? Vamos lá, ponha-me na ordem! Vai fazer-me o quê, bater-me? Não seja ridículo, a mim já não me pode bater!
James- (Emocionado)
Lisy, eu tive razões para o que fiz. Antes de me casar com a tua mãe, o teu avô obrigou-me a jurar que nunca poderíamos aceitar a Mary como se fosse da família. Se eu recusasse ele nunca permitiria o nosso casamento? Compreendes agora?
Lisy- Entendo, mas pai esta é uma situação insustentável, já passaram muitos anos. Está na altura de deitar para trás das costas estes rancores, é a única maneira de todos terem descanso!
James- Que assim seja, se não há outra forma de resolver as coisas.
Lisy- Ainda bem que concorda comigo.
(Começa-se a ouvir o piano, Margaret e Peter estão sentados e mostram-se muito felizes):
Margaret- James meu querido, ainda bem que reflectiste sobre esta situação. Durante todos estes anos sofri por não poder dizer a Mary o quanto gostava dela.
Nanny- Margaret, não precisavas de dizer nada, bastava-me olhar para os teus 0lhos. Eu entendia.
Lisy- Tudo está bem, quando acaba bem. Finalmente vamos poder ter um pouco de sossego.
(Entra Juliet em cena e diz):
Juliet- Ainda não, eu ainda tenho uma palavra a dar.
Margaret, James, vocês foram muito cruéis comigo e com a Mary, por isso exijo um pedido de desculpas. É o mínimo que vocês podem fazer.
James- Ms. Juliet, tal como contei a Lisy, eu não tive como dar a volta à questão, eu tinha prometido...
Juliet- Poupe-me aos pormenores, já conheço esse rol todo.
(As luzes da Chaise Long voltam-se a acender e sentada está Lisy já idosa)
James- Perdoe-me do fundo do coração, eu sempre a admirei pela sua força.
Margaret- Deixe lá de ser lamechas. Venha para cá esses ossos.
Há tanto tempo que esperava por isto.
James- Deixe-me abraçá-la...
Juliet- Pronto, pronto, vamos lá acabar com isto. O importante é que agora somos uma família, ou não?
James- Agora sim, somos uma família.
Frank- Bem, eu confesso que estou surpreendido, acho que agora sou eu que estou a sonhar, mas enfim...
James- Lisy, quem é o cavalheiro?
Lisy- Meu pai, tenho o prazer de lhe apresentar o meu noivo, Frank Bamford.
James- Bamford? Esse nome diz-me qualquer coisa. Não tem nenhum familiar que se chame Charles, Charles Bamford?
Frank- Claro, o meu pai tem esse nome.
James- Oh meu caro, que prazer que eu tenho em conhece-lo.
Sabe, eu e o seu pai éramos grandes amigos. Fizemos muitos negócios juntos.
Grande companheiro, que saudades eu tenho das nossas partidas de Criquet ao sábado de tarde.
Frank- Então era o senhor que sagradamente, todos os sábados se juntava ao meu pai. Lisy, começo a simpatizar com o teu pai, acho que ainda vamos ser grandes amigos.
E lá continuaram a conversar. Até dava gosto vê-los. Para um descrente como o Frank, estava muito convicto do que estava a fazer.
(Luzes gerais apagam, apenas fica foco para Chaise Long)
E foi assim, uns meses mais tarde casei com o Frank, nunca irei esquecer o dia mais feliz da minha vida.
Nunca tivemos filhos, mas fomos muito felizes.
Hoje estou sozinha, mas acreditem que não me sinto só. Estou rodeada das pessoas de quem gosto. Quem? Por todos que fizeram parte da minha vida.
São fantasmas, eu sei, mas não me importo, já me habituei à presença deles junto de mim e sei que em breve vou juntar-me a eles.
Estou cansada... mas sei que morro em paz e feliz.
Quando Deus me quiser levar, estou pronta. Não tenho medo.
Deixo a vida para viver uma outra vida, numa outra dimensão...
(Lisy deita-se e pouco depois morre.)"
E assim termina o "Segredo.
Beijos e abraços
Sandra C.
Nem tudo acaba bem, na vida....
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
É verdade...
EliminarBeijinhos
Sandra C.
bluestrass.blogspot.com
Os contrastes desta última parte são maravilhosos. E o final, embora desolador, não deixa de ser fascinante, até pela sensação de paz que a personagem transmite.
ResponderEliminarParabéns por este segredo tão bem escrito. E obrigada por o teres partilhado *-*
r: Aconselho :) os dois primeiros episódios já estão disponíveis na RTP Play
Muito, muito obrigada! Sou uma privilegiada por ter esse retorno *-*
Talvez me aventure em mais histórias