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Hoje venho contar-vos mais uma parte de "O Segredo". Neste "episódio" vamos dar um salto no tempo e vamos ter em cena uma personagem que encarna o séc XIX e também personagens que revisitam os anos 30. Vamos lá então descobrir mais um pouco...
(Em
cena entra James e Margaret, pais de Lisy, vestem de forma fina, tipica dos anos 30,
dirigem-se para o piano, Margaret senta-se e começa a tocar uma canção alegre.
James começa a encenar pequenos passos de dança.
Lisy
mostra-se agitada e chama):
Lisy-
Mãe...
(Juliet
aproxima-se um pouco mais de Margaret e diz):
Juliet-
Margaret... lembras-te de mim?
(Margaret
continua a tocar, ignorando Juliet, esta volta a chamá-la):
Juliet-
Margaret, estás-me a ouvir? Porque me ignoras?
Estou
a falar contigo. Tens de vergonha do quê?
De
eu ter sido a mulher que o teu pai mais amou e que nunca quis casar comigo,
apenas porque não era politicamente correcto casar com uma mulher do povo e
porque isso seria uma vergonha para a família Sunders?
(Margaret
irritada bate com força nas teclas e diz):
Margaret-
Cale-se... não a quero ouvir mais!
James-
Amor, tem calma, não te irrites com pessoas destas, não vale a pena...
Juliet-
Não vale a pena? Mas quem é que o senhor julga que é, para saber se eu valho a
pena ou não?
James-
Minha senhora, desapareça da nossa vista, já não a podemos ouvir mais.
Juliet-
Mas porquê? Eu não vos fiz mal nenhum, apenas desejo que admitam a verdade.
Margaret,
apenas desejo que reconheças a Mary como tua irmã e que tenhas coragem de
contar à tua filha que ela é sua tia e não uma empregada qualquer.
Só
assim vou poder descansar.
Margaret-
Mas eu nunca a tratei mal, ela sempre teve tudo o que quis nesta casa... Eu
nunca a tratei mal.
Juliet-
Tratas-te sim, quando simplesmente a ignoravas e a tratavas como uma simples
Nanny.
Já
te esqueceste de quando a Lisy nasceu, do amor que ela deu ao Peter, porque tu
te sentias demasiado cansada para tratar de duas crianças ao mesmo tempo?
(Margaret
quase entra em desespero, Peter levanta-se e vai-se agarrar a Juliet e diz para
a mãe):
Peter-
Mãe, tantas vezes que eu te pedia para conhecer a minha avó, porque nunca me
deste essa alegria?
Sei
que não é a minha verdadeira avó, mas não interessa...
Pelo
menos teria a certeza de que me iria dar mais atenção, do que a que me deste,
quando nasceu a Lisy.
Tu
e o pai eram as pessoas mais fúteis que conheci.
Também,
verdade seja dita, nunca conheci muita gente.
Vocês
proibiam-me de brincar até com os filhos do jardineiro... tudo porque parecia
mal...
Lembram-se... "Não Peter, não pode ser, o que é que as pessoas vão dizer? Que o menino não tem
educação..."
Ridículo...
vocês são ridículos. E tu pai, de quem eu nunca não recebi um carinho, um
abraço, uma palavra de conforto.
Tudo
quanto te interessava, era que eu quando crescesse fosse um grande homem de
negócios, ou um advogado de sucesso, para que me pudesses apresentar aos teus
amigos como o sucessor dos Sunders...
Mas
eu perdoei-vos, agora quero que tu perdoes os devaneios do teu pai e que
aceites a Nanny como tua irmã.
James-
Isso nunca, a tua mãe já sabe o que eu penso disso.
Essa
situação seria impossível. Nunca tivemos um escândalo na família, não vai ser
agora que vou permitir que tal coisa aconteça.
Juliet-
Escândalo? Mas o Sr. conhece-me de onde para me tratar dessa maneira...eu não
sou nenhuma rameira, sempre fui uma mulher muito honrada.
James-
Não quero saber...saía desta casa!
Peter-
Pai, não faças isso, olha que vais arrepender-te...
James-
Arrepender-me de quê? Cala-te pirralho...
Peter-
Você não me fala assim... eu não lhe vou admitir...
(James
dirige-se a Peter como se fosse para bater-lhe):
James-
Já te disse para te calares. Não quero ouvir mais uma
palavra...
Peter-
Bata, bata como fazia antigamente...
(Ao
dizer isto James dá um estalo ao filho ou empurra-o.
As
luzes apagam-se e personagens saem de cena, fica apenas um foco sobre Lisy.
Esta
acorda com um grito)
Lisy-
Nãooo....
(Senta-se
com as mãos nos joelhos),
Porquê?
Porquê tantos segredos, porquê tanta hipocrisia, que horror, todos os valores
em que acreditava, toda a admiração que sentia pelos meus pais esvaneceu-se
naquele sonho...
(Entra
Frank de roupão e pergunta):
Frank-
O que aconteceu? Eu ouvi o teu grito lá em cima no quarto.
Estavas
a sonhar?
Lisy-
Frank, abraça-me. Tenho medo de descobrir mais coisas sobre o meu passado.
Eu
não aguento saber de mais mentiras, de mais histórias que nunca tive ideia que
se passaram nesta casa... chega.
Frank-
Já passou... foi só um sonho.
Lisy-
Mas eu não quero sonhar mais...
Frank – Isso não vai acontecer, eu não vou deixar...
Lisy-
Sinto-me tão bem ao pé de ti, dás-me tanta força, a tua presença transmite-me
paz...
(Abraçam-se.
Lisy olha para uma suposta janela e diz):
Lisy-
Olha as estrelas, já viste tantas... a lua parece que está a sorrir para nós...
Frank-
Está uma noite linda, como tu meu amor....
Lisy-
Xiuuu...vamos só olhar para elas...
(Lisy
deita a cabeça no colo de Frank, trocam carinhos, depois adormecem. Peter
espreita-os com ternura e diz):
Peter-
É tão bom vê-la feliz. Ela merece, já sofreu de mais nestes últimos dias.
E
adormecemos. Costuma-se dizer que depois da tempestade vem a bonança, mas ainda
estava para vir muitas mais emoções.
Sobre a
manhã, fomos acordados pelos raios de sol e pela Nanny que estava a colocar a
mesa para o pequeno - almoço.
Depois
de uma noite agitada como aquela, nada melhor do que um pequeno – almoço da
Nanny para recuperar forças.(...)"
Para a semana temos mais...
Beijos e abraços
Sandra C.
Toda esta cena envolta de preconceitos é angustiante, porque espelha bem uma realidade atual. O viver de aparências só nos diminui.
ResponderEliminarEstou a adorar! Está a ficar cada vez mais intensa *-*
Boa partilha ;)
ResponderEliminarhttps://retromaggie.blogspot.com/
r: Agradeço, de coração *-*
ResponderEliminarEstarei atenta :)