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O Segredo (Parte VII)




                   Image by Pinterest 
Hoje venho contar-vos mais uma parte de "O Segredo". Neste "episódio" vamos dar um salto no tempo e vamos ter em cena uma personagem que encarna o séc XIX e também personagens que revisitam os anos 30. Vamos lá então descobrir mais um pouco...


(Em cena entra James e Margaret,  pais de Lisy, vestem de forma fina, tipica dos anos 30, dirigem-se para o piano, Margaret senta-se e começa a tocar uma canção alegre. James começa a encenar pequenos passos de dança.
Lisy mostra-se agitada e chama):

Lisy- Mãe...

(Juliet aproxima-se um pouco mais de Margaret e diz):

Juliet- Margaret... lembras-te de mim?

(Margaret continua a tocar, ignorando Juliet, esta volta a chamá-la):

Juliet- Margaret, estás-me a ouvir? Porque me ignoras?
Estou a falar contigo. Tens de vergonha do quê?
De eu ter sido a mulher que o teu pai mais amou e que nunca quis casar comigo, apenas porque não era politicamente correcto casar com uma mulher do povo e porque isso seria uma vergonha para a família Sunders?

(Margaret irritada bate com força nas teclas e diz):

Margaret- Cale-se... não a quero ouvir mais!

James- Amor, tem calma, não te irrites com pessoas destas, não vale a pena...

Juliet- Não vale a pena? Mas quem é que o senhor julga que é, para saber se eu valho a pena ou não?

James- Minha senhora, desapareça da nossa vista, já não a podemos ouvir mais.

Juliet- Mas porquê? Eu não vos fiz mal nenhum, apenas desejo que admitam a verdade.
Margaret, apenas desejo que reconheças a Mary como tua irmã e que tenhas coragem de contar à tua filha que ela é sua tia e não uma empregada qualquer.
Só assim vou poder descansar.

Margaret- Mas eu nunca a tratei mal, ela sempre teve tudo o que quis nesta casa... Eu nunca a tratei mal.

Juliet- Tratas-te sim, quando simplesmente a ignoravas e a tratavas como uma simples Nanny.
Já te esqueceste de quando a Lisy nasceu, do amor que ela deu ao Peter, porque tu te sentias demasiado cansada para tratar de duas crianças ao mesmo tempo?

(Margaret quase entra em desespero, Peter levanta-se e vai-se agarrar a Juliet e diz para a mãe):

Peter- Mãe, tantas vezes que eu te pedia para conhecer a minha avó, porque nunca me deste essa alegria?
Sei que não é a minha verdadeira avó, mas não interessa...
Pelo menos teria a certeza de que me iria dar mais atenção, do que a que me deste, quando nasceu a Lisy.
Tu e o pai eram as pessoas mais fúteis que conheci.
Também, verdade seja dita, nunca conheci muita gente.
Vocês proibiam-me de brincar até com os filhos do jardineiro... tudo porque parecia mal...
Lembram-se... "Não Peter, não pode ser, o que é que as pessoas vão dizer? Que o menino não tem educação..."
Ridículo... vocês são ridículos. E tu pai, de quem eu nunca não recebi um carinho, um abraço, uma palavra de conforto.
Tudo quanto te interessava, era que eu quando crescesse fosse um grande homem de negócios, ou um advogado de sucesso, para que me pudesses apresentar aos teus amigos como o sucessor dos Sunders...
Mas eu perdoei-vos, agora quero que tu perdoes os devaneios do teu pai e que aceites a Nanny como tua irmã.

James- Isso nunca, a tua mãe já sabe o que eu penso disso.
Essa situação seria impossível. Nunca tivemos um escândalo na família, não vai ser agora que vou permitir que tal coisa aconteça.

Juliet- Escândalo? Mas o Sr. conhece-me de onde para me tratar dessa maneira...eu não sou nenhuma rameira, sempre fui uma mulher muito honrada.

James- Não quero saber...saía desta casa!

Peter- Pai, não faças isso, olha que vais arrepender-te...

James- Arrepender-me de quê? Cala-te pirralho...

Peter- Você não me fala assim... eu não lhe vou admitir...

(James dirige-se a Peter como se fosse para bater-lhe):

James- Já te disse para te calares. Não quero ouvir mais uma
palavra...

Peter- Bata, bata como fazia antigamente...

(Ao dizer isto James dá um estalo ao filho ou empurra-o.
As luzes apagam-se e personagens saem de cena, fica apenas um foco sobre Lisy.
Esta acorda com um grito)

Lisy- Nãooo....

(Senta-se com as mãos nos joelhos),


Porquê? Porquê tantos segredos, porquê tanta hipocrisia, que horror, todos os valores em que acreditava, toda a admiração que sentia pelos meus pais esvaneceu-se naquele sonho...

(Entra Frank de roupão e pergunta):

Frank- O que aconteceu? Eu ouvi o teu grito lá em cima no quarto.
Estavas a sonhar?

Lisy- Frank, abraça-me. Tenho medo de descobrir mais coisas sobre o meu passado.
Eu não aguento saber de mais mentiras, de mais histórias que nunca tive ideia que se passaram nesta casa... chega.

Frank- Já passou... foi só um sonho.

Lisy- Mas eu não quero sonhar mais...

Frank  Isso não vai acontecer, eu não vou deixar...

Lisy- Sinto-me tão bem ao pé de ti, dás-me tanta força, a tua presença transmite-me paz...

(Abraçam-se. Lisy olha para uma suposta janela e diz):

Lisy- Olha as estrelas, já viste tantas... a lua parece que está a sorrir para nós...

Frank- Está uma noite linda, como tu meu amor....

Lisy- Xiuuu...vamos só olhar para elas...

(Lisy deita a cabeça no colo de Frank, trocam carinhos, depois adormecem. Peter espreita-os com ternura e diz):

Peter- É tão bom vê-la feliz. Ela merece, já sofreu de mais nestes últimos dias.

E adormecemos. Costuma-se dizer que depois da tempestade vem a bonança, mas ainda estava para vir muitas mais emoções.
Sobre a manhã, fomos acordados pelos raios de sol e pela Nanny que estava a colocar a mesa para o pequeno - almoço.
Depois de uma noite agitada como aquela, nada melhor do que um pequeno – almoço da Nanny para recuperar forças.(...)"

Para a semana temos mais...
Beijos e abraços
Sandra C.



Comentários

  1. Toda esta cena envolta de preconceitos é angustiante, porque espelha bem uma realidade atual. O viver de aparências só nos diminui.
    Estou a adorar! Está a ficar cada vez mais intensa *-*

    ResponderEliminar
  2. Boa partilha ;)
    https://retromaggie.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  3. r: Agradeço, de coração *-*

    Estarei atenta :)

    ResponderEliminar

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