Aqui fica mais um excerto de "O Segredo".
Desta vez posso-vos contar que esta peça demorou pouco tempo a ser escrita, não tenho a certeza absoluta, mas deve ter sido cerca de uma semana e alguns dias...
Na altura, as ideias fervilhavam, e tinha que ler tudo o que escrevia, uma e outra vez para que tudo fizesse sentido.
E assim "O Segredo" foi ganhando forma. Aqui vos deixo mais um pouco:
"(...)
Frank-
Que história, vieste tu para cá para descansar a cabeça.
Quem
diria? Bem agora questiono-me, que mais histórias andaram ai escondidas?
Lisy-
Nem me fales em tal coisa. Acho que não aguentava outra história destas.
(Frank
abraça Lisy)
Frank-
Tem calma, se isso acontecer eu estou aqui do teu lado.
Lisy-
É tão bom ter-te aqui.
Quem
me dera que não voltasses mais para Londres.
Frank-
Isso é um convite? Olha que eu aceito-0.
Lisy-
Já pensaste alguma vez sair da cidade e vir para um sitio como este? Quem sabe
se aqui, não terias mais sucesso com o teu consultório?
Frank-
Era uma mudança muito radical, não sei como ia sobreviver sem a confusão da
cidade. Acho que não aguentava.
Lisy-
Acho que não ias aguentar era estar longe das festas, das meninas coquetes,
sempre prontas a fazer-te a corte.
Frank-
Isso não é verdade. Tu sabes que isso não é importante para mim.
Lisy-
Não sei... Diz-me lá se aguentavas não teres aqueles teus amigos perversos e as
vossas conversas de cordel...
Frank-
É impressão minha, ou estás com ciúmes?
Lisy-
Eu, com ciúmes? A que propósito é que eu teria ciúmes de ti?
Frank-
Vá confessa, confessa que estás mortinha por saber, o que se fala nas festas de
Londres. Como se vestem as meninas que frequentam os clubes? Qual é o último
perfume que se usa?
Lisy-
Acredita que não é coisa que me preocupe muito.
Agora
tu, duvido que conseguisses passar sem esses pequenos prazeres da vida, não
eras capaz de renunciar.
Frank-
Até era... desde que tivesses um bom motivo para o fazer...
Lisy-
Que motivo?
Frank-
Por amor... se tivesse de mudar de lugar para poder ficar mais perto de alguém,
fazia-o com certeza.
Lisy-
Não acredito.
Frank-
Porquê? Queres tentar? Tenta... põe-me à prova.
Lisy-
Não brinques com coisas sérias Frank...
Frank-
Eu não estou a brincar minha querida, nunca falei tão sério na minha vida.
Lisy-
Vamos mudar de assunto...
Frank-
(Agarrando Lisy pelos braços)
Lisy,
não entendes? Eu amo-te e quero ficar contigo.
Independentemente
de todos os teus problemas, eu estou disposto a deixar Londres e começar uma
nova vida, aqui ao teu lado.
Eu
fiquei pasmada a olhar para Frank, nem sabia o que havia de dizer. Aquilo era a
prova de amor que eu ansiava ter de Frank, apeteceu-me beijá-lo. Mas a minha
reacção foi levantar-me e fugir dele. Dirige-me para o piano e comecei a
tocar...
Frank-
Então Lisy, estou à espera de uma resposta tua.
Não
tens nada para me dizer?
(Lisy
pára de tocar e diz):
Lisy-
Eu não sei o que te diga...
Deixa-me
pensar... Deixa-me sozinha...
Frank-
Tudo bem... eu vou então deitar-me...
(Dirige-se
a Lisy, dando-lhe um beijo na cara, mas por momentos os lábios quase se
encontram)
Até
amanhã...
Lisy-
Até amanhã...
(Lisy
fica sentada ao piano, toca ao de leve na cara e começa a tocar piano. Peter
entra na sala sem que ela se aperceba)
Peter-
Então maninha, estamos apaixonados?
Olha
para ti, pareces uma menina a quem deram uma boneca nova...
Lisy-
Deixa-me... vai-te embora Peter, preciso de ficar sozinha.
Peter-
Ehh, tem calma. Não estou a dizer-te isto para teu mal. Estava apenas a brincar
contigo.
Lisy-
Mas a mim não me apetece brincar, isto é um assunto muito sério e tenho de
pensar.
Peter-
Pensa Lisy, mas tem cuidado, não penses só com o coração, ele ás vezes é
traiçoeiro...
Lisy-
Porque dizes isso? Ás vezes nem pareces uma criança a falar, metes-me medo...
Peter-
Eu estou cá para proteger-te... apenas isso.
Posso
ficar aqui ao pé de ti? Eu não faço barulho...
Lisy-
Por mim, podes... Desde que não me faças perguntas e me deixes reflectir sobre
este assunto.
Peter-
Obrigado, maninha...
(Lisy
e Peter sentam-se na Chaise Long, ela olhando o infinito e acabando por
adormecer, ele mexendo-se inquietamente.
Momentos
depois entra Juliet, observa a sala e agarra numa moldura que terá a foto da
mãe de Lisy e diz):
Juliet-
Margaret, que saudades eu tenho tuas. Quando a tua mãe morreu queria tanto
ter-te apoiado, parecias tão frágil.
Se
tivéssemos ficado juntos, teríamos sido uma família tão feliz... mas o teu pai
não quis, alegou que seria um escândalo para a sociedade, que o nome da família
Sunders ficaria marcado para sempre.
Uns
anos mais tarde, depois de o teu pai ter-me abandonado, quando te contei que
tinhas uma irmã, a tua reacção foi de uma frieza, as tuas palavras pareciam
facas a cortar o meu coração.
Mas
os teus olhos não mentiam...brilhavam pela felicidade de conheceres a irmã que
a tua mãe nunca te pode dar.
Alegaste
que nada tinhas a ver com os devaneios do teu pai.
Aceitei,
apesar de cá no fundo saber que não era essa a reacção que querias ter e que eu
esperava de ti.
Durante
anos íamos até ao portão de casa, na esperança de te ver, de matar saudades
tuas.
A
Mary quando te via, quase entrava em histeria e dizia para mim:
Mãe,
olha a Margaret, posso lá ir brincar com ela?
Cheia
de pena, dizia-lhe que não... Foi assim durante anos, depois morri, já Mary
tinha 20 anos, estava uma mulher...
Nunca
hei-de perdoar a minha família pelo que fizeram depois da minha morte.
Um
dia enquanto ela procurava trabalho, foram a nossa casa, pilharam tudo quanto
puderam, não deixaram sequer os vestidos, tudo pelo facto de um dia eu ter
amado tanto o teu pai.
Mary
ficou apenas com a roupa que tinha no corpo...
Decidiu
abandonar aquela terra e vir para Glasgow procurar-te e rogar-te que te desse
trabalho, nem que fosse para limpar o chão desta casa.
Tudo
o resto é história, a única coisa que desejava era fazer as pazes contigo, que
me aceitasses... (...)"
Até para a semana...
Beijos e abraços
Sandra C.
Nem de propósito, os nossos capítulos estão em sintonia numa questão: nessa exploração de sentimentos, que nem sempre é dita de forma clara, mas demonstrada em pequenos gestos/palavras/momentos.
ResponderEliminarEssa fase final deixou-me sem palavras!
Beijinhos*