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O Segredo (Parte VI)



Aqui fica mais um excerto de "O Segredo".
Desta vez posso-vos contar que esta peça demorou pouco tempo a ser escrita, não tenho a certeza absoluta, mas deve ter sido cerca de uma semana e alguns dias...
Na altura, as ideias fervilhavam, e tinha que ler tudo o que escrevia, uma e outra vez para que tudo fizesse sentido.
E assim "O Segredo" foi ganhando forma. Aqui vos deixo mais um pouco:                                                                                                                                               
"(...)

Frank- Que história, vieste tu para cá para descansar a cabeça.
Quem diria? Bem agora questiono-me, que mais histórias andaram ai escondidas?

Lisy- Nem me fales em tal coisa. Acho que não aguentava outra história destas.

(Frank abraça Lisy)

Frank- Tem calma, se isso acontecer eu estou aqui do teu lado.

Lisy- É tão bom ter-te aqui.
Quem me dera que não voltasses mais para Londres.

Frank- Isso é um convite? Olha que eu aceito-0.

Lisy- Já pensaste alguma vez sair da cidade e vir para um sitio como este? Quem sabe se aqui, não terias mais sucesso com o teu consultório?

Frank- Era uma mudança muito radical, não sei como ia sobreviver sem a confusão da cidade. Acho que não aguentava.

Lisy- Acho que não ias aguentar era estar longe das festas, das meninas coquetes, sempre prontas a fazer-te a corte.

Frank- Isso não é verdade. Tu sabes que isso não é importante para mim.

Lisy- Não sei... Diz-me lá se aguentavas não teres aqueles teus amigos perversos e as vossas conversas de cordel...

Frank- É impressão minha, ou estás com ciúmes?

Lisy- Eu, com ciúmes? A que propósito é que eu teria ciúmes de ti?

Frank- Vá confessa, confessa que estás mortinha por saber, o que se fala nas festas de Londres. Como se vestem as meninas que frequentam os clubes? Qual é o último perfume que se usa?

Lisy- Acredita que não é coisa que me preocupe muito.
Agora tu, duvido que conseguisses passar sem esses pequenos prazeres da vida, não eras capaz de renunciar.

Frank- Até era... desde que tivesses um bom motivo para o fazer...

Lisy- Que motivo?

Frank- Por amor... se tivesse de mudar de lugar para poder ficar mais perto de alguém, fazia-o com certeza.

Lisy- Não acredito.

Frank- Porquê? Queres tentar? Tenta... põe-me à prova.

Lisy- Não brinques com coisas sérias Frank...

Frank- Eu não estou a brincar minha querida, nunca falei tão sério na minha vida.

Lisy- Vamos mudar de assunto...

Frank- (Agarrando Lisy pelos braços)
Lisy, não entendes? Eu amo-te e quero ficar contigo.
Independentemente de todos os teus problemas, eu estou disposto a deixar Londres e começar uma nova vida, aqui ao teu lado.

Eu fiquei pasmada a olhar para Frank, nem sabia o que havia de dizer. Aquilo era a prova de amor que eu ansiava ter de Frank, apeteceu-me beijá-lo. Mas a minha reacção foi levantar-me e fugir dele. Dirige-me para o piano e comecei a tocar...


Frank- Então Lisy, estou à espera de uma resposta tua.
Não tens nada para me dizer?

(Lisy pára de tocar e diz):

Lisy- Eu não sei o que te diga...
Deixa-me pensar... Deixa-me sozinha...

Frank- Tudo bem... eu vou então deitar-me...

(Dirige-se a Lisy, dando-lhe um beijo na cara, mas por momentos os lábios quase se encontram)

Até amanhã...

Lisy- Até amanhã...

(Lisy fica sentada ao piano, toca ao de leve na cara e começa a tocar piano. Peter entra na sala sem que ela se aperceba)

Peter- Então maninha, estamos apaixonados?
Olha para ti, pareces uma menina a quem deram uma boneca nova...

Lisy- Deixa-me... vai-te embora Peter, preciso de ficar sozinha.

Peter- Ehh, tem calma. Não estou a dizer-te isto para teu mal. Estava apenas a brincar contigo.

Lisy- Mas a mim não me apetece brincar, isto é um assunto muito sério e tenho de pensar.

Peter- Pensa Lisy, mas tem cuidado, não penses só com o coração, ele ás vezes é traiçoeiro...

Lisy- Porque dizes isso? Ás vezes nem pareces uma criança a falar, metes-me medo...

Peter- Eu estou cá para proteger-te... apenas isso.
Posso ficar aqui ao pé de ti? Eu não faço barulho...

Lisy- Por mim, podes... Desde que não me faças perguntas e me deixes reflectir sobre este assunto.

Peter- Obrigado, maninha...

(Lisy e Peter sentam-se na Chaise Long, ela olhando o infinito e acabando por adormecer, ele mexendo-se inquietamente.
Momentos depois entra Juliet, observa a sala e agarra numa moldura que terá a foto da mãe de Lisy e diz):

Juliet- Margaret, que saudades eu tenho tuas. Quando a tua mãe morreu queria tanto ter-te apoiado, parecias tão frágil.
Se tivéssemos ficado juntos, teríamos sido uma família tão feliz... mas o teu pai não quis, alegou que seria um escândalo para a sociedade, que o nome da família Sunders ficaria marcado para sempre.
Uns anos mais tarde, depois de o teu pai ter-me abandonado, quando te contei que tinhas uma irmã, a tua reacção foi de uma frieza, as tuas palavras pareciam facas a cortar o meu coração.
Mas os teus olhos não mentiam...brilhavam pela felicidade de conheceres a irmã que a tua mãe nunca te pode dar.
Alegaste que nada tinhas a ver com os devaneios do teu pai.
Aceitei, apesar de cá no fundo saber que não era essa a reacção que querias ter e que eu esperava de ti.
Durante anos íamos até ao portão de casa, na esperança de te ver, de matar saudades tuas.
A Mary quando te via, quase entrava em histeria e dizia para mim:

Mãe, olha a Margaret, posso lá ir brincar com ela?

Cheia de pena, dizia-lhe que não... Foi assim durante anos, depois morri, já Mary tinha 20 anos, estava uma mulher...
Nunca hei-de perdoar a minha família pelo que fizeram depois da minha morte.
Um dia enquanto ela procurava trabalho, foram a nossa casa, pilharam tudo quanto puderam, não deixaram sequer os vestidos, tudo pelo facto de um dia eu ter amado tanto o teu pai.
Mary ficou apenas com a roupa que tinha no corpo...
Decidiu abandonar aquela terra e vir para Glasgow procurar-te e rogar-te que te desse trabalho, nem que fosse para limpar o chão desta casa.
Tudo o resto é história, a única coisa que desejava era fazer as pazes contigo, que me aceitasses... (...)"

Até para a semana...
Beijos e abraços
Sandra C.

Comentários

  1. Nem de propósito, os nossos capítulos estão em sintonia numa questão: nessa exploração de sentimentos, que nem sempre é dita de forma clara, mas demonstrada em pequenos gestos/palavras/momentos.
    Essa fase final deixou-me sem palavras!

    Beijinhos*

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