Avançar para o conteúdo principal

A Guerra Colonial - Parte 2

Uns anos mais tarde, voltei a mexer neste tema quando escrevi a minha 1ª peça de Teatro, a ideia era retratar em palco os anos entre 1961 e 1974.
Eu tinha as bases, mas ansiava algo mais, então fui a uma biblioteca e fui pesquisar uma enciclopédia (Os anos da guerra) sobre o tema, pesquisei na internet, encontrei muitas coisas e pela 1ª vez tive coragem de ir a Belém, ao muro não das recordações mas das lamentações e senti vergonha, senti um aperto muito grande na minha garganta e no peito, porque apesar de ter o meu pai comigo, são e salvo, inteiro, imagino o que vai na cabeça de tantas famílias que ficaram despedaçadas e que em muitos casos não tiveram sequer um corpo para chorar e em troca dessa vida deram-lhes apenas uma cruz de guerra...
Nesse dia compreendi o porquê de o meu pai chorar sempre que vê imagens da Guerra Colonial na televisão, o porquê de aquele livro vermelho em que se vê imagens inenarráveis estar guardado (mas que eu descobri e vi com os meus próprios olhos), compreendi a revolta que o meu pai tinha sempre que eu lhe dizia que me ia alistar na tropa, compreendi isso e muitas outras coisas...
Posso estar enganada, mas para mim esta Guerra foi a farsa, se não a maior farsa da ditadura salazarista.
E aqueles que votaram como melhor português Salazar, de certo que têm uma memória muito curta, ou então não andaram pelo meio do capim, não “tiveram que matar para não morrer”, não estão cegos porque uma bala lhes trespassou um olho, não estão numa cadeira de rodas porque caíram numa emboscada ou porque estavam a desamardilhar uma mina...enfim, de qualquer maneira é sempre importante lembrar que devemos estar orgulhosos, afinal foram servir a Pátria! E a Pátria quando é que os serviu e eles?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Eduardo Viana - O supersticioso e obstinado

Eduardo Viana , pintor nascido em Lisboa no dia 28 de Novembro de 1881 na Rua do Loreto, nº 13 no quarto - andar, filho de José Afonso Viana e de D. Maria das Dores Fonseca Viana foi um dos nomes sonantes da pintura do século XX em conjunto com outros pintores como Amadeu de Sousa-Cardoso, Almada Negreiros, Robert Delaunay e Sónia Delaunay, Mily Possoz (de quem veio a estar noivo entre os anos 1919-1925) entre outros. Uma personalidade impar,”(...) Supersticioso, austero, exigente e obstinado (...)” era capaz de “(...) raspar qualquer trecho ou pormenor, aparentemente insignificante, de uma tela já coberta; repintá-lo uma, duas, número sem conto de vezes, até acertar na forma, mas, sobretudo, no tom, era, para Eduardo Viana, o pão nosso de cada dia. Que saibamos, um ano (...) levou o insatisfeito pintor a encontrar, após sucessivos ensaios, a cor de um simples lenço sobre que, numa natureza morta, repousavam uns frutos (...)” Matriculou-se no Curso Geral de Desenho da Sociedade de Bela...

Música que tem bom feeling - Maria

Adoro quando descubro músicas que me tocam. Sejam elas mais sérias, ou mais "cool" como esta, estas duas vozes juntas é qualquer coisa! Letra e música de Bezegol Por gostar de ti Maria Não olhei ao sofrimento E não quis lembrar o dia Que falhaste ao juramento Por ti enfrentei o mundo Enrolado no teu dedo Condenado a amor profundo Encobrindo o teu segredo Eu lembro-me de ti Por quem me apaixonei Para onde foste eu não vi Nem sei quando deixei Queria-te ter aqui Mas sei que não consigo Fazer voltar atrás Fazer do tempo amigo Vou seguindo minha estrela Firme vou no meu caminho A bagagem vai pesada Mas eu carrego sozinho Foi dica a tua experiência Mas não quero olhar para trás Agarro-me às partes boas E sigo a iludir as más Eu lembro-me de ti Por quem me apaixonei Para onde foste eu não vi Nem sei quando deixei Queria-te ter aqui Mas sei que não consigo Fazer voltar atrás Fazer do tempo amigo Eu lembro-me de ti Por quem me apaixonei Pa...

Restolho - Mafalda Veiga

Bom dia! Adoro quando sou surpreendida por musicas recentes que me tocam, mas também quando ouço algo que em tempos acompanhou a minha vida. É o que acontece com esta música. Sempre gostei muito de ouvir Mafalda Veiga, principalmente na adolescência, as suas músicas sempre me concederam momentos de pausa e de reflexão.  Esta música faz-me lembrar momentos de verões eternos, quando a seguir ao almoço o calor era tanto que se ouviam as cigarras.  Do doce das uvas, das amoras e dos figos pelos caminhos duros.  Do rio calmo e fresco, dos peixes que teimavam em fazer as suas danças e quase que nos vinham beijar a pele.  Dos fins de dia quase noite quando caminhavamos cheios de uma felicidade que enchia o coração. É bom recordar... "Geme o restolho, triste e solitário A embalar a noite escura e fria E a perder-se no olhar da ventania Que canta ao tom do velho campanário Geme o restolho, preso de saudade Esquecido, enlouquecido, dominado Escondido entre as sombras do ...