Quando por esta altura do ano, vejo a primeira andorinha, e da terra vejo despontar belos lírios, é o sinal que a mãe natureza me dá, de que a Primavera está a chegar.
Há tantas coisas que por vezes nos passam ao lado, muitas vezes estão mesmo á frente dos nossos olhos, mas andamos tão metidos connosco e com a nossa rotina diária, que perdemos sem dúvida o maior espectáculo da vida.
Pequenos campos de flores brancas e amarelas, as papoilas a nascer (esta semana vi uma vermelha), as árvores que suavemente vão - se cobrindo de delicados seres coloridos e perfumados.
Quando eu era mais pequena e podia ir para a Serra (que agora está cortada ao meio pela CREL), observava tudo isto e muito mais, via pequenos riachos onde cresciam agriões selvagens que eu trazia para casa, apanhava umas flores roxas (que eu não sei o nome), os coelhinhos e umas “campainhas” de um roxo quase preto, para trazer á minha madrinha, nessa altura, ninguém tinha medo de andar por aqueles sítios, subíamos aos Dólmenes para olhar a vista ao nosso redor e eu imaginava “ como seria a vida nestas terras á milhares de anos atrás?”, olhava-se para o chão e em certos sítios para além das flores encontrávamos pequenas relíquias, um caracol que virava fóssil, um pequeno azulejo que teria pertencido sabe Deus bem a quê?
Á conta desses pequenos tesouros tenho uma colecção considerável de pedras de todos os feitios, da terra, do mar... enfim, maluqueiras de criança.
Este sol de primavera ainda tímida, faz mal á moleirinha, mas quando vejo um raio de sol a despontar nestes dias, é impossível não ter vontade de sair para o campo e esquecer que a poucos metros de todo aquele ar puro, a vida volta a tornar-se cinzenta, apressada e com um relógio a marcar incessantemente segundos para tudo.
Eduardo Viana , pintor nascido em Lisboa no dia 28 de Novembro de 1881 na Rua do Loreto, nº 13 no quarto - andar, filho de José Afonso Viana e de D. Maria das Dores Fonseca Viana foi um dos nomes sonantes da pintura do século XX em conjunto com outros pintores como Amadeu de Sousa-Cardoso, Almada Negreiros, Robert Delaunay e Sónia Delaunay, Mily Possoz (de quem veio a estar noivo entre os anos 1919-1925) entre outros. Uma personalidade impar,”(...) Supersticioso, austero, exigente e obstinado (...)” era capaz de “(...) raspar qualquer trecho ou pormenor, aparentemente insignificante, de uma tela já coberta; repintá-lo uma, duas, número sem conto de vezes, até acertar na forma, mas, sobretudo, no tom, era, para Eduardo Viana, o pão nosso de cada dia. Que saibamos, um ano (...) levou o insatisfeito pintor a encontrar, após sucessivos ensaios, a cor de um simples lenço sobre que, numa natureza morta, repousavam uns frutos (...)” Matriculou-se no Curso Geral de Desenho da Sociedade de Bela...
Comentários
Enviar um comentário
Pode comentar... o Bluestrass não morde!