Avançar para o conteúdo principal

Carlos Paião - A memória para sempre...

Ainda não refeita do choque do dia anterior, no dia 26 de Agosto de 1988, mais uma vez a minha mãe acorda-me para me dar mais uma notícia má... Carlos Paião tinha morrido, acho que fiquei sem palavras... levantei-me da cama, sentei-me na cozinha com o pequeno almoço á frente, mas a única coisa que eu conseguia engolir eram as minhas lágrimas... hoje até parece um exagero falar disto, mas Carlos Paião era um dos meus ídolos, sabia as canções dele quase todas....fiquei desfeita, recusei-me a ver as notícias que falavam do acidente, queria fingir que não se tinha passado nada. Uns tempos depois quando se ouviu falar de uma situação que ainda hoje não está esclarecida (e que eu prefiro nem saber se ficou ou não), a partir daí decidi continuar a ver e a ouvir apenas o que me interessa da carreira de Carlos Paião, há tantas coisas boas para recordar dele, a sua musica, a sua alegria que provava que gostava do que fazia...enfim, deixo aqui a letra de uma canção, que é uma das que mais marcou a minha infância e provavelmente a infância de muita gente.

Carlos Paião - Cinderela by Carlos Paião
Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.

Foram juntos outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: "O meu nome é Pedro e o teu qual é?"
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: "Sou a Cinderela".
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...

[Refrão]
Então,
Bate, bate coração
Louco, louco de ilusão
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
Vai dar jeito p'ra viver
O teu primeiro amor.

Cinderela das histórias a avivar memórias, a deixar mistério
Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele até
chorou...

[Refrão]

E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos
planos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses bons momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."

[Refrão]

Autor: Carlos Paião

Comentários

  1. Olá Sandra, obrigado pelo teu comentário no meu cantinho...

    Eu nunca tive oportunidade de ver Carlos Paião, quando ele tristemente morreu eu tinha um anito... mas desde pequena que oiço as musicas dele e não tenho vergonha de o dizer....

    Cinderela é sem duvida uma linda canção... a letra é magnifica... ele era um génio... não é a toa que que o idolatram ... passado tanto tempo ainda o recordam com carinho....

    Gostei muito do teu post.... vou visitar-te mais vezes.... ;)
    Bjs (Lara_Croft (Sandra) Da ptgate)

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Pode comentar... o Bluestrass não morde!

Mensagens populares deste blogue

A origem das coisas...

Todos os dias fazemos pequenos gestos e usamos alguns produtos que se tornam num ritual diário. Por exemplo, com certeza que usa sabonete, ou mesmo gel de banho todos os dias.  Já alguma vez se perguntou porque o fazemos, ou qual é o sua origem? O sabonete é um produto muito antigo, os primeiros vestígios deste produto, foram encontradas na era de 2800 A.C., durante as escavações da antiga Babilónia. Na era de 1500 A.C. os antigos egípcios usavam uma mistura de óleos animal e vegetal com sais alcalinos para criar um material semelhante ao sabão, este era usado para tratar de doenças. Na era de 600 A.C. os fenícios confeccionavam uma mistura de terra argilosa com cinzas de madeira ou calcário para limpar o corpo. Este produto correu as rotas do comércio, até chegar à Europa, no entanto esta técnica não foi utilizada pelos Romanos, durante cerca de 600 anos.A partir do I século D.C. o fabrico do sabão foi evoluindo consideravelmente, desde o cozimento do sebo de carneiro com cinzas de

Entrevista - Isabel Moura Pinto - Uma Força da Natureza!

  Bom dia! Hoje deixo-vos a ultima entrevista do mês de Março de 2024.  Neste dia tão importante para mim, tinha de trazer ao blog alguém ligado à arte do teatro e à cultura em si . Trago-vos então a Isabel Moura Pinto, uma mulher de uma garra incrível, uma consciência cultural fantástica e uma inspiração! Conhecia-a em 2022 numa reunião de um projecto teatral e nunca mais nos "deslargamos".  Se hoje faço parte do TEO - Teatro Experimental de Odivelas, o devo ao convite da Isabel. Deixo-vos então a entrevista. - Quem vive na zona de Odivelas a tua cara já não é estranha, mas para quem não te conhece, quem é a Isabel Moura Pinto? Apaixonada desde sempre pelo teatro. A Beatriz Costa era prima da minha mãe e como era uma celebridade talvez isso me tenha influenciado. De qualquer forma, era uma criança solitária e distraía-me sozinha criando personagens. O teatro também esteve presente na minha vida académica. Estive 10 anos fora e desde que regressei a Odivelas comecei a partici

País do NÃO, País do SIM

  Bom dia! Hoje comemora-se os 50 anos do 25 Abril. Como diz o meu pai "Como assim 50 anos?" Mas é verdade, já lá vão 50 anos. 50 anos depois de finalmente o povo poder sair à rua, sem medo... Deixo-vos um vídeo com texto de minha autoria. O desenho do cravo final, é da autoria da Carol. País do NÃO, País do SIM "Até Abril florir, Portugal era o país do Não. Não podes ser, Não podes ler,  Não podes ter, Não PODES! Não podes! Quantos homens não puderam ser felizes, porque uma guerra consumiu-lhes a vida? Quantos livros não foram lidos, porque eram impróprios? Quantas opiniões se perderam, porque foram encarceradas? Quantas músicas foram ouvidas em surdina? Quantos homens e mulheres tiveram de abandonar o seu país, para salvaguardar as suas vidas e os seus ideais? Após Abril florir, o povo saiu à rua! Após Abril florir nunca mais se deixou de cantar uma canção! Abril floriu, mas muitos não sabem que flor foi essa que nasceu nessa madrugada . Porque os livros não contam, qu