Bom dia a todos!
Hoje trago-vos a segunda entrevista. A minha convidada é alguém por quem nutro uma grande simpatia e apesar de só nos termos visto uma única vez, admiro imenso a forma como adora a sua profissão e a torna algo leve e descontraída.
Apresento-vos então, a Ana Grave.
- Ana, existem muitas pessoas que já te conhecem, mas para quem ainda não te conhece, quem é a Ana Grave?
Deixo uma pequena apresentação sobre mim: sou a Ana Grave, tenho 52 anos, resido em Sintra e sou professora de 1º ciclo com muito amor. Adoro trabalhar com as crianças, que tanto carinho nos oferecem a cada instante. Gosto muito de animais, de passear na natureza, de rir, cantar e dançar. Apaixonada por livros infantis e por contar histórias às crianças… é encantador ver os seus olhinhos curiosos e ternos quando ouvem novos contos. Gosto de desporto e fui praticante de ginasta de competição de Acrobática e Tumbling até aos 18 anos.
- Tu és professora do primeiro ciclo, sempre foi esta a tua profissão?
Sim, sempre fui professora de 1º ciclo. Antes de terminar a faculdade lecionei aulas de ginástica.
- Há quantos anos exerces?
Exerço esta linda profissão há 27 anos.
- Em que altura da tua vida soubeste que este seria o teu caminho?
Na altura em praticava ginástica, a nossa classe fazia muitos estágios e esta era composta por crianças de todas as idades. Foi uma linda família que se constitui e onde nos habituámos de forma harmoniosa e cuidar uns dos outros. Recordo com muito carinho estes tempos fantásticos e até hoje mantemos um contacto muito estreito.
- Qual é o teu maior desafio enquanto mulher, mãe e professora?
Sem dúvida que foi a maternidade. Apesar de estar sempre rodeada por crianças, inicialmente existiu um pequeno receio neste maravilhoso ”desafio” de ser mãe. E tem sido uma linda jornada.
- Sei que estás inserida num projeto educativo especial, queres-nos contar qual é e em que consiste?
Trabalhamos por “Núcleos” onde os professores tutores são responsáveis por todas as crianças que os constituem, formando Equipas Educativas.
No âmbito da implementação do projeto de Inovação, relativamente à prática letiva, as aprendizagens são realizadas em contexto, estimulando a leitura de histórias, lengalengas, trava-línguas, pequenas canções, desenvolvemos trabalhos de projeto colaborativo e em grupo, recorrendo à utilização de material didático manipulativo e às novas tecnologias da informação e comunicação como fonte de pesquisa nas atividades escolares. Também é dada muita importância às atividades relacionadas com a educação e expressão físico-motora, plástica, musical e ciências experimentais, que tanto são do agrado dos alunos e igualmente enriquecedoras para o seu desenvolvimento físico, cognitivo e social. Na área da matemática os conteúdos são aprendidos numa atmosfera de aplicação constante, através da utilização dos princípios da “pedagogia das situações”. Estas aprendizagens tiveram como base pequenas histórias e vivências do dia-a-dia. Os domínios da matemática têm como suporte a utilização de instrumentos pedagógicos tais como: a linguagem das cordas, a linguagem das setas e a linguagem da minicalculadora Papy.
- Eu acredito num sistema de ensino, mas prático que teórico. Óbvio que aprender português, matemática é importante, mas acho que falta aos nossos filhos viverem experiências em campo, à semelhança do que aconteceu na minha e provavelmente na tua altura, em que a professora fazia questão do nosso contacto com a natureza. Hoje em dia faria falta o contacto com estas e outras realidades. O que achas sobre isto?
Concordo plenamente. Cuidar das plantas e das flores, respirar ar puro, apanhar chuva e brincar na terra são hábitos muito saudáveis, estimulam estilos de vida saudáveis e a prática de exercícios físicos. Afinal, o contato com a natureza é muito importante para o desenvolvimento das crianças. Por isso, essas atividades devem ser estimuladas logo nos primeiros anos de vida, quando a criança está na fase de conhecer e descobrir tantas coisas novas.
- Acreditas que as AEC's fazem falta?
Acredito nas AECS que promovam atividades ao ar livre. Se as crianças estiverem lá fora, o que é que elas vão aprender? Tudo sobre o Mundo que as rodeia, de forma harmoniosa e estimulando a sua curiosidade.
Há cada vez mais escolas e projetos educativos voltados para a natureza, onde as “paredes” das salas são árvores, parques, florestas. Lá fora, a curiosidade é o motor para aprender. Brincar é a maior tarefa.
- Existem crianças complicadas ou pais que complicam as crianças?
Sem dúvida que as crianças não são complicadas.
- O que falta na escola actual?
O que faz falta à educação e também às escolas e aos seus estudantes, na minha opinião, são momentos de ensino/aprendizagem, de temas que inquietantes e que os inquietam… que conduzam à construção de pensamento crítico e criativo, a novas capacidades de inter-relacionamentos, à sensibilização de novos conceitos para uma sociedade comunitária… ao melhor entendimento sobre si mesmo e respeito pelo outro…
Para tal é necessário profissionais sensibilizados para tal educação, reestruturação de horários escolares, desenvolvimento de novos métodos e técnicas… ou seja, repensar a escola com um papel diferente, que não forme apenas técnicos, mas também pessoas com desejos e vontades.
- Diz-nos uma frase que gostes e que te acompanhe ao longo da tua vida?
“Onde quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender.” – Paulo Freire
- Indica uma música para acompanhar esta tua entrevista.
The Black Eyed Peas - Where Is The Love?
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