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O Dia de Reis, o Bolo-Rei e as suas histórias…

 


No dia 6 de Janeiro comemora-se a ultima das festas associadas à quadra do Natal, o dia de Reis.

A história deste dia está associada às figuras que nós já conhecemos dos Reis Magos. 

Gaspar, Melchior e Baltazar. Gaspar era o mais novo dos três e tinha vindo de uma terra perto do mar Cáspio, Melchior era o mais velho, de cabelos e barbas brancas e tinha vindo de uma terra de nome Ur,

Baltazar teria cerca de 40 anos e tinha vindo do Golfo Pérsico.

Estes caminharam ao longo de vários dias e semanas até conseguirem ver o menino Jesus

Pelos caminhos por onde passavam iam encontrando várias pistas e a que mais os ajudou a ir de encontro ao menino foi uma estrela cintilante, que abrindo caminho, os guiou até ao local onde estava Maria, José e Jesus

Já tinham passado alguns dias desde que Jesus tinha nascido, mais precisamente 12 dias, os Reis Magos adoraram o menino no dia 6 de Janeiro, daí nesse dia se comemorar o dia de Reis.

Para além de ir ver e adorar o menino, os Reis trouxeram presentes. 

Os presentes eram Incenso trazido por Gaspar e representava a fé, Ouro trazido por Melchior cujo significado era a nobreza uma vez que o ouro se oferecia aos reis e Mirra trazida por Baltazar representava a imortalidade.

Aqui começa a história do Bolo-Rei. Contam as lendas, que os reis Magos tiveram dificuldade em decidir quem seria o primeiro a oferecer o presente ao menino, então um padeiro fez um bolo e colocou lá dentro uma fava.

Esse bolo foi partido em três pedaços, quem ficasse com a parte do bolo onde estava a fava seria então o primeiro a dar o seu presente. Nessas lendas nunca se falou quem é que afinal ficou com a fava.

Mais tarde, os Romanos usaram esta técnica para decidir nos seus banquetes quem era o Rei da festa, ou o Rei da Fava. Estes banquetes eram feitos no mês de Dezembro e a Igreja Católica resolveu também usar a fava nas suas festas da Natividade que se festejam também em Dezembro e terminam então no dia de Reis.

Em Espanha o dia de Reis é festejado da mesma forma como nós festejamos o Natal, oferecendo presentes, tal como os Reis Magos fizeram ao menino Jesus.

Quanto ao bolo em si, o significado dele é então:

A crosta do bolo representa o ouro, as frutas secas e cristalizadas representam a mirra e o cheiro representa o incenso. A forma do bolo é redonda, com um buraco no meio, ao olharmos para ele, este bolo faz mesmo lembrar uma coroa de rei.

Muita coisa se pode dizer sobre o Bolo-Rei, no entanto irei contar onde este bolo começou a ser uma tradição.

Em França na corte dos Reis, este bolo começou a ser utilizado pelos cristãos, dizia-se então que se devia comer 12 Bolos-Reis entre as festas de Natal e dos Reis.

Com a Revolução Francesa e a queda da Monarquia, a iguaria tinha tendência para desaparecer, mas logo os pasteleiros arranjaram maneira de lhe dar um outro nome para que o bolo continuasse a existir.

Em Portugal, o Bolo-Rei foi colocado à venda na Confeitaria Nacional pelo ano de 1870, com muito sucesso, a receita utilizada veio de Paris, só com a queda da monarquia e proclamação da república em 5 de Outubro de 1910, esta iguaria viu os seus dias contados. 

No entanto tal como em França, foi sol de pouca dura, ainda foi apelidado de vários outros nomes, mas o nome porque foi sempre conhecido prevaleceu e hoje em todas as pastelarias e outros espaços podemos comprar o famoso Bolo-Rei.

Nos dias que correm, a receita pode variar, existindo tantas variedades, para cada gosto e cada cliente.



Epiphany (Le gâteau des rois) – Jean-BaptisteGreuze

* Este texto foi criado por mim para ser apresentado a alunos do primeiro ciclo, o texto publicado hoje aqui tem algumas alterações, para que fizesse sentido a sua publicação.
O Bolo Rainha foi feito cá em casa para na Sexta-feira passada ser levado para os meninos da turma da Carolina provarem.
A receita que eu segui foi a da Clara de Sousa 

Desejo a todos um Feliz Dia de Reis.

Beijo e abraços.
Sandra C.

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