Faz ontem 20 anos que José Afonso morreu, eu tinha 13 anos e confesso que não me lembro deste dia, mas lembro-me bem das suas músicas, dos significados metafóricos que apresentavam.
Com a sua “língua” afiada escrevia letras fortes mas discretas, tal como ele próprio.
Punha na sua escrita a revolta incendiada que outros petrificados pelo medo, silenciavam.
É impossível ficar-se indiferente a palavras de ordem como
“(...) Minha mãe quando eu morrer/ Ai chore pouco por quem muito amargou/ Para então dizer ao mundo/ Ai Deus mo deu ai Deus mo levou(...)”
ou então
“(...) Vejam bem que não há só gaivotas em terra/Quando um homem se põe a pensar/Quem lá vem dorme á noite ao relento na areia/Dorme á noite ao relento do mar/E se houver uma praça de gente madura/E uma estátua de febre a arder/ Vejam bem, aquele homem a fraca figura/ E não há quem lhe queira valer(...)”.
Era um homem que era conhecido entre os amigos por ser um ”gajo porreiro” e com uma aversão ás forças de autoridade, que lhe trouxeram alguns dissabores ao longo da vida.
Ficou reconhecido pela canção que mudou a história de Portugal em 1974.
A sua voz inconfundível, surge logo a seguir ao passos dos soldados para a “liberdade” tal qual um foguete pintando os céus de vermelho.
“Grândola Vila Morena, Terra da fraternidade/ Em cada esquina um amigo/ Em rosto igualdade (...)”
Se o “Zeca” cá voltasse, que palavras usaria ele para descrever o que vai neste Portugal presente?
Para saber reconhecer a alma deste artista é preciso apenas sentir e esquecer qualquer que seja a cor política, porque estas almas se tem alguma cor, é apenas uma e única, a cor da eternidade.
Espero que gostem da música que vos deixo.
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